sábado, 17 de maio de 2014

Mea culpa

Não temos segurança. Não temos saúde. Não temos educação. Mas temos culpa.
Você se pega cada vez mais brigando pela sua sanidade mental, atormentado pelas injustiças presenciadas, narradas e lidas a cada dia seja do Rio, do Brasil ou do Mundo. Ou pela rotina estressante, que no momento até lhe serve financeiramente e com certa qualidade de vida, mas está longe de ser uma satisfação pessoal. 
A vida é dura. Isso todo mundo sabe. E injusta.
Não, não é possível conseguir se conformar, fechar-se na sua bolha e continuar a existência, sorrindo e fingindo que não é comigo.
Fui eu que fiz as escolhas. A culpa é toda minha!
Eu sou culpada porque elegi os atuais governantes (o povo e eu sou o povo, apesar de me orgulhar em dizer que não votei nem na Dilma, nem no Cabral nem no Paes, mas mesmo assim a maioria elegeu por mim, então toma!).
Eu sou culpada porque não tenho paciência para repetir pela quarta vez a mesma explicação simples, cuja competência de tal interlocutor deveria bastar para que entendesse na primeira. Mas se não entendeu, a culpa é minha.
Eu sou culpada porque acabo repetindo a minha falta de paciência com outras pessoas ignorantes, que dificultam uma simples rotina e o fato de eu reclamar pelos meus direitos dificulta esses mesmos direitos, porque a cabeça do ser-humano se limita a achismos e deduções próprias, independentemente da lei e de qualquer senso comum. (Bom senso ajudaria). 
Eu sou culpada porque dirijo no caos do trânsito carioca e o egoísmo imperante em cada cabeça motorista impede a simples fluência em vias desgastadas ou itinerantes.
Eu sou culpada se houve tiroteio na frente da minha casa numa sexta-feira às 9 horas da noite, porque fui eu que escolhi morar no Rio.
Eu serei culpada se um dia for estuprada, indo à padaria de short e top, num calor de 50 graus no Rio de Janeiro, afinal se estou mostrando meu corpo é porque eu quero que me estuprem. Claro, como não pensei e me culpei por isso antes?
E para completar, sou culpada pela desorganização da Copa do Mundo, porque segundo a Fifa, o brasileiro não gosta de trabalhar.
Vou ali me confessar e já volto.