Não temos segurança. Não temos saúde. Não temos educação. Mas temos culpa.
Você se pega cada vez mais brigando pela sua sanidade mental, atormentado pelas injustiças presenciadas, narradas e lidas a cada dia seja do Rio, do Brasil ou do Mundo. Ou pela rotina estressante, que no momento até lhe serve financeiramente e com certa qualidade de vida, mas está longe de ser uma satisfação pessoal.
A vida é dura. Isso todo mundo sabe. E injusta.
Não, não é possível conseguir se conformar, fechar-se na sua bolha e continuar a existência, sorrindo e fingindo que não é comigo.
Fui eu que fiz as escolhas. A culpa é toda minha!
Eu sou culpada porque elegi os atuais governantes (o povo e eu sou o povo, apesar de me orgulhar em dizer que não votei nem na Dilma, nem no Cabral nem no Paes, mas mesmo assim a maioria elegeu por mim, então toma!).
Fui eu que fiz as escolhas. A culpa é toda minha!
Eu sou culpada porque elegi os atuais governantes (o povo e eu sou o povo, apesar de me orgulhar em dizer que não votei nem na Dilma, nem no Cabral nem no Paes, mas mesmo assim a maioria elegeu por mim, então toma!).
Eu sou culpada porque não tenho paciência para repetir pela quarta vez a mesma explicação simples, cuja competência de tal interlocutor deveria bastar para que entendesse na primeira. Mas se não entendeu, a culpa é minha.
Eu sou culpada porque acabo repetindo a minha falta de paciência com outras pessoas ignorantes, que dificultam uma simples rotina e o fato de eu reclamar pelos meus direitos dificulta esses mesmos direitos, porque a cabeça do ser-humano se limita a achismos e deduções próprias, independentemente da lei e de qualquer senso comum. (Bom senso ajudaria).
Eu sou culpada porque dirijo no caos do trânsito carioca e o egoísmo imperante em cada cabeça motorista impede a simples fluência em vias desgastadas ou itinerantes.
Eu sou culpada se houve tiroteio na frente da minha casa numa sexta-feira às 9 horas da noite, porque fui eu que escolhi morar no Rio.
Eu serei culpada se um dia for estuprada, indo à padaria de short e top, num calor de 50 graus no Rio de Janeiro, afinal se estou mostrando meu corpo é porque eu quero que me estuprem. Claro, como não pensei e me culpei por isso antes?
E para completar, sou culpada pela desorganização da Copa do Mundo, porque segundo a Fifa, o brasileiro não gosta de trabalhar.
Vou ali me confessar e já volto.
Vou ali me confessar e já volto.