sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Francês, flamengo, holandês, inglês e PORTUGUÊS

Declaração de amor
'Esta é uma declaração de amor; amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e alerteza. E de amor.
Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lenatamente, às vezes a galope.
Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem de português fosse virgem e límpida.
EU PENSO E SINTO SÓ EM PORTUGUÊS, e só esta língua penosa e terrível me satisfaria.
A linguagem está descobrindo o nosso pensamento, o nosso pensamento está formando uma língua que se chama literária e que eu chamo de LINGUAGEM DE VIDA.
Com as palavras a gente tem que tomar cuidado. No primeiro encontro nos libertam, depois nos aprisionam. Parecem-se com certo tipo de amor. As palavras, repito, têm caráter ambíguo, sendo veneno e remédio podem nos dar prisão ou libertar...
Viver é também arte de lidar com as palavras. E como já disse alguém: AS PALAVRAS SÃO CAMINHOS PARA ENCONTRAR AS COISAS PERDIDAS.'

Clarice Lispector

Lindo não? É por isso que eu escrevo.
Calma que ainda falta LONDRES!
Em português.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Yes, I AM!!




Bem, falar de Amsterdam sem chocar é um pouco difícil. A cidade é meiga com suas casinhas baixinhas e coloridinhas, muitas florzinhas no verão, os canaizinhos fofos a cada quadra, com pontezinhas de brinquedo ligando uma esquina a outra. Sim, poderia chamar Amsterdamzinha de tão fofinha que a cidade é.

Por outro lado, Amsterdamzinha é conhecida por sua extrema liberdade, ou liberalidade. A cidade é pequena. Não tinha muita gente. É um pântano, aterrado pelos vickings das antigas, que não podiam viver em terra firme. Sem muita agricultura, apesar de ótimas vacas na pecuária voltada para a produção de laticínios. Sim a Holanda também tem ótimos chocolates, iogurtes e tudo que é derivado de leite. Aí eles resolveram – espertos – ir liberando o que o mundo – hipócrita – considera ilegal, imoral, mas consome a se esbaldar. Sexo e drogas. Enquanto todos os países do mundo proíbem e estimulam a violência através de proibições burras, os holandeses pegaram a coisa no ar. Se não há como evitar, vamos cobrar – e caro – por isso. Foram lá, pensaram em como seria, criaram leis e estão cagando dinheiro com o consumo de drogas e o sexo libertas quae sera tamen. O Red Light District é um barato, várias ‘coisas’ na vitrine (sim, coisas, porque há maluco para tudo nesse mundo, e de repente parece que entramos pelo lado soldè do bairro...) Quer trepar? Olha as vitrines, escolhe o que comer, entra e alivia a testosterona. Simples assim. Por que não? Todos são grandinhos, estão ganhando para isso e cada um sabe o que é bom para si.

As drogas são liberadas moderadamente, não as mais pesadas, que destroem ou causam mal ao comum, mas as que não fazem com que o viciadinho se mate ou mate alguém. Marihuana e alguns tipos de LSD e cogumelos. Contaram a história de uma garota que se jogou num canal, depois de ter consumido um (ou vááários) magic mushroom. Mas sempre tem imbecis que não sabem aproveitar a coisa... Eles estão repensando as leis e talvez proíbam os tais. Aí você passeia por Amsterdam e vê a tranqüilidade, não há violência, assaltos, ninguém muito loco andando pelas ruas, apenas aquela ‘maresia, sente a maresia’, que fez o índio fumar o cachimbo da paz. Tem até o Museu da Marihuana, onde é tudo explicitado CLARAMENTE, sem puxar a brasa para nenhuma sardinha, mas reafirma que a verdinha é muito mais eficiente que muito remédio vendido por aí na legalidade.

O holandês é uma língua terrível, não tem nada a ver com nada do que já vimos antes, a única coisa que pudemos peerceber é que eles aadoram duas voogais iguaais juntaas.



No mais, é passar num coffeeshop e sair andando – a pé, de bike ou de tram – por essas ruazinhas fofas, parar nos parques fofos e desfrutar da calmaria que as águas trazem a este pedaço de terra, abaixo do nível do mar. Mas acima do nível dos homens!

Ameisterdam!!!



quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Um porre em Bruxelas!

Paris acabou. Agora que entendemos seu povo, seu cheiro, quer dizer, seu jeito, seu metrô, seu dinheiro, sua cultura. Ótimo! Trem adentro, rumo a Bruxelas, capital da União Européia, meio capital do mundo.

Torcendo por um guarda volumes que se preste, desembarcamos em Bruxelles Midi, ao centro deste país pequeno mas grande representante de muitas coisas. Um dia somente para conhecer, olhar, tomar as famosas bières belgas e provar o famoso chocolate. Porque para quem não sabe (eu não sabia) os melhores chocolates do mundo são os belgas e não os suíços, como se pensa.

Pequenas impressões: Bruxelas cheira a chocolate! É delicioso o cheiro que se sente o tempo todo, caminhando por suas ruelas ou grandes avenidas.

Nosso propósito neste pequeno reino era claro: cervejas belgas. Todas as possíveis em 6 horas, nosso tempo na cidade.


Caminhamos pela Grand Place, nome já diz, é a praça principal de Bruxelas, onde fica a prefeitura inclusive. Fomos ver o Manneken-pis, que acho que significa ‘garotinho mijando’, ponto turístico e inacreditável, uma estátua petit (bem petit) de um garotinho fazendo xixi. Dizem que representa para Bruxelas o mesmo que o Cristo representa paro Rio de Janeiro. Começou na idade média, quando ali era somente uma fonte, e o escultor Jerome Duquesnoy fez a estátua do menino para embelezar o local. A estátua volta e meia está vestida, representando alguma festividade e não foi diferente quando estivemos lá. Uma mistura de Papai Noel com Saci Pererê. Dizem que o moleque tem mais de 600 peças de roupa!! Materialista!!


Depois sentamo-nos num dos vários restaurantes da Grand Place para almoçar e degustar bières! Três de uma vez. Uma normal, clara, porém de trigo. Uma escura e outra Kriek, de cereja. Sim, uma cerveja deliciosa de cereja! Cerveja... cereja... porque não? Depois cada um de nós escolheu a sua preferida – a minha foi a escura – e tomamos mais uma. Mais passeios, mais bières! Paramos num mercado petit que tinha vááárias na prateleira. Um sonho para uma cervejeira como eu. Pedi à moça que falava um misto de flamengo e francês – ambas línguas oficiais da Bélgica – a mais forte. Ela me recomendou a Ximei, encorpada, com 9% de graduação alcoólica. Perfeita para o pouco tempo que tínhamos. Passeios e bières depois, paramos num bar com a bandeira do movimento gay na frente, o que chamou atenção do meu amigo e companheiro de viagem. Paremos e experimentemos outra bière. Mais passeio e passamos na frente de outro bar onde um casal ensaiava a apresentação para a noite e nos convidou a entrar, o que nos convidou a novas bières. Ótimo desfecho para um dia de Bruxelas, onde chegamos de manhã, almoçamos, passeamos de tarde e pegamos uma noitada (às 5 PM) antes de voltar ao rumo - bêbados de cerveja belga - para dormirmos em Amsterdam.

Bruxelas cheira a chocolate, mas tem gosto de bière! Santé!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Paris... ah Paris....


Paris é sonho, sonho que parece inalcançável até chegar lá, olhar pra torre e dizer: Oui, Je suis ici!!

Foi esta minha sensação após trocentas horas de vôo, sai do avião, pega 20 kg de bagagem, pega o RER, linha 2, desce em Gare Du Nord, compra a Carte Orange, estuda as linhas de metrô, pega o metrô, desce na estação pré-estudada. Pega a escada rolante, sai da estação pela "portinha Harry Potter", respira o ar de Paris, olha pra cima e lá está ela. A Torre Eiffel! Ou um pedaço dela que conseguimos avistar do ponto onde estávamos. Ainda não totalmente no espírito francês, tomamos um banho e seguimos rumo aquele sonho de metal de 300m. Vinho Bordeaux e um bom queijo embaixo do braço, nos deparamos com o gramado verde e extenso do Champs de Mars, aos pés daquela construção tamanha e meio nonsense (opinião da autora), mas que representa todo o sonhado até então.

Paris é sonho! É uma festa. É linda, nas suas cores pastéis, seus castelos e palácios imponentes como sua história. Ruas largas e prédios baixos. Arquitetura antiga e bela compondo vários pontos já imaginados, estudados, assistidos pela TV. Chegar às margens do Sena, olhar para o Louvre, avistar o Arco do Triunfo ao longe no meio das grandes avenidas. Cada vez mais afirmando a realidade que estávamos vivendo. Sim, estamos em Paris.

Franceses mal-humorados, franceses maravilhosos, não há regras para se definir quando nossa energia atrai coisas boas. Ganhamos bières, taxi, ótimas conversas com o povo conhecido pela rispidez, nesse mundo. Os franceses são ótimos anfitriões, pelo menos conosco foram os melhores! Não, o pior da França não são os franceses, mas o cheiro deles... quando a eau de parfum não se impõe, entende-se a fama. Mas isso é apenas um detalhe, percebido dentre tantos. Outro é que as francesas são propositalmente descabeladas e over maquiadas. Pequenas impressões, apenas.

Au revoir, Paris! Certamente te vejo em breve, pois a cidade convida a muitas outras aventuras. Saudades desde sempre, de tudo e de tudo que eu ainda não vi!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Sem aviso

(Maria Rita)

anda
tira essa dor do peito, anda
despe essa roupa preta e manda
seu corpo deslembrar
canta
vira a dor pelo avesso, canta
larga essa vida assim às tontas
Deixa esse desenganar
calma
dê o tempo ao tempo, calma
alma
põe cada coisa em seu lugar
e o dia virá, algum dia virá
sem aviso
então...