Acorda. Abre a persiana. Abre a janela. Arruma a cama. Higiene. Troca o rolo de papel higiênico. Detesto trocar o rolo de papel higiênico.
Faz café, toma café. Lava a louça.
Pega metrô, sair na Uruguaiana a qualquer hora do dia é massacrante. Se está sol o calor é insuportável, se está chovendo, está alagado e fedido.
No escritório, abre a persiana, liga o ar e o computador. Troca o rolo de papel higiênico. Detesto trocar o rolo de papel higiênico.
O trabalho, os mesmos problemas. Corre atrás de cliente. Cobra ações dos fornecedores. Problema com a Net, com a Amil, com a Claro. Com todos os prestadores de serviços que para serem ruins ainda precisam melhorar. Bancos que aumentam sua tarifa à revelia, sem aumentar a qualidade dos serviços. E já não há paciência para os mesmos problemas, repetidos há anos. Desliga o ar e o computador. Fecha a persiana.
Metrô sentido zona sul. Muito melhor. Muita dó dos que vão para Zona Norte. Detesto sentir muita dó, porque é sinal que tem muita gente sofrendo.
Põe roupa para lavar.
No jornal, só desgraça. Gente morrendo, gente matando, gente torturando crianças, gerente de banco informando ladrões, políticos ladrões informando que estão aí, prontos para eleições.
Estende a roupa. Detesto estender a roupa. Jantar e mais louça.
Higiene.
Ainda bem que ainda tem papel higiênico.