segunda-feira, 30 de abril de 2012

O mistério da tatuagem errada

O mistério da tatuagem errada - que não é a da Madonna - começa na aula de espanhol, o piá engraçadão ao lado:

- Legal sua tatuagem. É o RJ, né? Essa estrela aí no meio.

- Não, que eu saiba, mas sim, é o Cruzeiro do Sul, porque eu sou do Sul.

- Legal! Mas é sim, na Bandeira do Brasil é o RJ. Muito legal. Só que tá ao contrário, né.

E se vira calmamente para a professora.

Minha cabeça ferveu. Naquele momento de uma segunda-feira, às 20h, pensando en español, paniquei e minha mente escureceu quanto à lembrança da posição de tal constelação no céu, em relação à minha própria cabeça. E eu pensei 'droga, o espelho me enganou esse tempo todo, não é possível!'.

Cheguei em casa esbaforida e já pensando no laser para trocar a estrela de lugar. Mas antes, a internet, google it, eu fui lá e googuei o Cruzeiro do Sul. Apareceram as duas maneiras, da estrela intrometida se intrometendo dos lados direito e esquerdo. E a da bandeira do Brasil, o que poderia ser uma boa referência, só que não, estava ao contrário da minha. Como assim? Por que, Minha Nossa Senhora das Tattoos, eu haveria de descobrir só depois que a ordem dos fatores altera sim o produto?

Água com açúcar e umas sete pesquisas depois, com pelo menos duas fontes confiáveis, descobri que o meu CS está na posição que eu o vejo daqui da superfície terrestre, e então tá tudo certo. Por outro lado, ele aparece virado na Bandeira do Brasil porque foi feita com base no Planisfério Celeste, do astrônomo brasileiro Pereira Reis, que mostra como se a gente estivesse olhando de fora da esfera celeste, lá do outro lado do céu! Simples.

Eu o tatuei porque sou do Sul, vim para o Rio e como eu sempre gostei da constelação, desde criança, achei uma boa forma de sempre me lembrar do caminho casa. É só segui-lo. Além de cada estrela representar um membro da minha família. Já o piá da aula de espanhol se baseou na bandeira, onde ele representa os estados da BA, SP e MG em relação ao RJ, mas a referida estrela menor, no caso, é o ES.

Enfim... No Facebook ninguém lê explicações muito longas.  A gente é muito imediatista e às vezes demora um pouco mais que 140 caracteres para contemplar os mistérios do Universo. Ou das histórias da vida.

terça-feira, 24 de abril de 2012

'Music and me'

O tempo voa cada vez mais. O show do Morrissey, leia-se a inspiração para este post, foi em 09 de março. Na ocasião havia retomado contato pelo Facebook com um amigo lá dos idos de 1990, a quem eu devo agradecer pela influência (positiva) musical. 

Quando crianças, já gostamos de música. É divertido ouvir, cantar, e claro, dançar. Balão Mágico está lá na minha lista de primeiras audições, junto com Elis Regina e Renato e seus Blue Caps. 'Conheci um capeta em forma de guri' muito antes do tal do Mallandro se fazer com essa música! E lembro que com sete anos, desarrumava (isso mesmo) o meu cabelo e fazia cover da Gal, com Festa do Interior, para o deleite de meus pais corujas. Michael Jackson nem se fala, é aus concours. Depois veio Menudo, claro e outras boy bands, inclusive nacional, lembram de Dominó? Ruim, claro, mas não dá para negar que era divertido. Terminei essa fase com New Kids on the Block e, já aparecendo meu lado rock, eu era fã do Donnie, o mais rebelde de todos. Dessa época me restou o Ricky Martin, que com seu som dance latino, alegra qualquer pista! Eu adoro e fui no show do ano passado!

Um pouco antes ainda de aflorar minha personalidade musical real, na pré-adolescência, veio também a influência de amigos e supostos amores. Foi quando resolvi me apaixonar por um garoto do interior que adorava Leandro e Leonardo. Depois que ele terminou comigo, eu ouvia Entre Tapas e Beijos e chorava copiosamente. Ui. Hoje eu gargalho de alegria pelo fim do namoro e das influências negativas. 

(Em tempo, este blog é meu e eu dou a opinião que eu quiser.)

Depois conheci outro grande amigo e ele era classic rock'n roll. Multi-instrumentista, atuava como vocal e baixo de uma banda, era fã incondicional do Paul e me ensinou tudo de Beatles, me contou fatos interessantes, me mostrou as composições e significados. Me apresentou a bandas como Duran Duran, The Police, Simple Minds, Genesis, Van Halen e mesmo Pink Floyd, me explicava acordes e letras que faziam REM bombar, entre outras curiosidades mais do mundo musical. 

Paralelamente, conheci o amigo mencionado no início, que por sua vez me apresentou à nata do rock inglês com The Jesus and Mary Chain, Joy Division, The Smiths. Isso me me levou a Sex Pistols e The Clash sensacionais, passando também por The Cure e Talking Heads, além de outras alternativas americanas ótimas como Pixies. Daqui, Legião Urbana, quem eu já curtia, mas se dando a devida atenção, aprendi mais coisas. Acabei até escrevendo meu artigo de fim de curso de Letras sobre Renato Russo.

Depois também passei mais fundo pela MPB, reggae nights, novamente graças a amigos músicos e minha (in)consequente groupie atittude.

Então, com a cabeça menos influenciável, fui escolhendo e administrando minhas escolhas e o show do Morrissey me remeteu a essas lembranças boas e esses amigos que me influenciaram positivamente. Gosto realmente não se discute, mas há que se perceber e admitir letras e melodias ricas em uma contraposição absurda ao lixo musical dos sucessos atuais. O tiozinho - ele está com 52 anos - arrebentou com suas músicas cheias de viradas, letras incríveis e um show de arrepiar. Puro rock!

Depois disso, imediatamente comprei ingresso para Roger Waters - The Wall Tour. Nunca fui muito de Pink Floyd, mas show bom é show bom e isso também não se discute. E de novo o queixo caiu com a impressionante banda e os efeitos incríveis de uma verdadeira ópera rock. Isso que é música. 

Confesso que com o tempo, parece que a gente fica mais fechado a bandas novas, mas ainda aceito sugestões e as acato quando se percebe pelo menos um valor. O talento de Amy é incontestável e a Flo (Florence + the Machine) me encantou com sua voz de veludo, letras divertidíssimas e melodias lindas!

Agradeço aos meus amigos, responsáveis por me colocar no bom caminho e enquanto houver energia, estarei em todos os shows possíveis, vendo de perto quem sabe de verdade fazer música boa, enquanto assisto à novela das nove com o controle nas mãos, apertando o mute volta e meia.

E não, não esqueci de Madonna. Mas ela é um capítulo à parte, afinal lançou seu 12.° disco arrebentando, só para começar um possível próximo post.



"Only I know wherever I go
We're as close as two friends can be
There have been others
But never two lovers
Like music, music and me."