terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Viagens, amores e saíras-sete-cores

Meus últimos post, 'pelamor!', têm sido mais baixo astral do que o vilão da Super Xuxa. 
Já comentei aqui antes que o mau-humor me inspira, que a tristeza me torna mais criativa. Assim o eram Renato Russo e Cazuza, meus poetas preferidos.
E é verdade.
No entanto, no exercício diário de aceitar nossas alegrias e tristezas do dia-a-dia, resolvi escrever sobre as minhas viagens de 2013, para levantar um pouco o astral das fases, deixar mais próxima da beleza da "Lia Cheia", do que da ausência da "Lia Nova".

Chapada Diamantina - BA

(1) 2013 começou incrível, na natureza bela e remota da Chapada Diamantina. Lugar incrível, de natureza imponente, com rios e cachoeiras maravilhosos, tudo que a gente precisa para repor as energias e trocar de ano. Foi demais, e começamos com o pé direito.


(2) Depois em Março fui a Curitiba, no aniversário do meu pai. Festinha inesquecível! Amo estar perto dos meus amigos! E mais ainda, amo passear pela minha cidade, olhando-a com olhos diferentes dos que tinha, nos 30 anos que vivi lá.


Karl-Valentim Musaum: "A arte
é bela, mas dá trabalho." Munique

(3) Nesta altura eu já estava participando do start-up de um projeto da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. O pontapé inicial seria visitar três institutos de pesquisa europeus, renomados em seus segmentos. Desafio aceito. No final de abril, parti para Munique, Paris e Londres. Uma semana de correria e reuniões. Mas recheada com passeios, necessários ao chegar num país novo e diferente. 'A gente dorme no Brasil!' pensávamos, sem conseguir pregar o olho às 3 da manhã, no auge do jetlag de 5 horas! Adorei a Alemanha e os alemães. Gastei meu francês, língua que não falo, pois fui praticamente a guia em Paris, já tendo estado lá antes. Assim como em Londres, que já conhecia, portanto me fartei com o poder de não se sentir perdido em um outro país. Londres te absorve, te aceita. Aos olhos vistos, ninguém é estrangeiro lá. Todo mundo deve ir a Londres uma vez na vida.

(4) E então, conversando com minha amiga, recebemos um convite querido para visitá-la em Brasília, no feriado de Corpus Christi. Ou melhor, Pirenópolis. Mais uma viagem incrível. No meio do cerrado, cidade tranquila, pequena, lá no meio do Goiás, perdida no tempo, com sua comida deliciosa que provoca sensações. Sim, a comida do Goiás dá onda. E visitar amigos queridos também!


(5) Neste ponto, eu já estava inscrita - e treinando - para realizar o meu primeiro sonho de corredora: a meia Maratona de Curitiba. E para lá voltei no comecinho de Junho. Focada para a prova, novamente me deparei com meu olhar emocionado sobre um ângulo que nunca tinha visto a cidade. O de corredora. Percorrer os 21K da prova, circundando o centro da cidade onde vivi a minha vida toda foi uma emoção muito forte. Completar uma prova de 21K já tem um gosto muito especial. A adrenalina é garantida. E quando dobrei a esquina do MON - o Museu do Olho - e vi meu pai me esperando, sorrindo orgulhoso, foi demais. Recomendo correr e recomendo correr por todas as cidades que se quer conhecer.

P-62 em Suape-PE

(6) Ainda em Junho, passei uma semana em Porto de Galinhas-PE. A trabalho. Nem consegui ir a praia (mesmo), mas ainda assim, é muito gostoso acordar e ir dormir de frente para um mar lindo, como o de Pernambuco.


(7) Em Julho, logo no início, fui para FLIP, em Paraty. Paraty é linda! Com suas ruas de pedras no meio do caminho, casas antigas, mares por todos os lados, ainda recheada de gente charmosa, todas focadas no mesmo objetivo: literatura. E e a imaginação. Quer coisa mais inspiradora que isso? Para mim a FLIP é um fim de semana de imersão em inspiração.

Pico das Agulhas Negras - 2797m
(8) No fim de julho, teve a JMJ aqui no Rio e a cidade foi invadida pelos jovens com mochilas coloridas na frente do corpo. Porque atrás eles têm medo que roubem. E para dar lugar a eles e ao fofo do Papa Francisco, subimos a Serra e passamos dias sensacionais em Itatiaia, primeiro na casa de um amigo, na parte baixa do parque, em meio a árvores e muito espaço, invadido por sairinhas-sete-cores e esquilinhos desequilibrados. Foi a semana mais fria do ano no Brasil e nós acampamos na montanha do Pico das Agulhas Negras, lá em cima mesmo. Fomos dormir com o céu mais lindo do mundo sobre nossas cabeças e acordamos às 4 da manhã com o céu mais gelado do mundo sobre nossas cabeças. Acordamos de frio. E no dia seguinte, soubemos que fez -7 graus, bem ali, onde estávamos. Após esta noite gelada, ainda subimos o Pico mais alto do estado. Conquista e adrenalina garantidas! Mais um desafio vencido.

(9) No meu aniversário ainda voltei a Curitiba, tendo uma festinha inesquecível de comemoração com meus amigos queridos, necessários e absolutos.

(10) Em novembro fomos a Ilhéus. Casamento de uma prima do marido no feriadinho da República. Dias lindos sob o sol da Bahia. Festa maravilhosa, linda e alegre. Muito amor dos noivos e dos amigos! Mais uma viagem memorável neste ano findo.

(11) E para fechar o ano com chave de ouro, fomos terminá-lo na Suíça. Dia 31 de dezembro e a gente descendo de snowboard as montanhas suíças! Mais do que o prazer inenarrável de passar um réveillon diferente, ainda tivemos a sorte de ir visitar uma família linda! Uns amigos que conhecemos no Rio, quando eles moraram aqui. O que era para ser apenas turismo, se transformou em um laço de amizade e uma lição de vida, que levaremos para o nosso 2014 e para sempre. 

2013, no geral, foi um ano bom para mim, não posso reclamar. Muito trabalho, nem tanto dinheiro, um falecimento de amiga (o que pesa muito na contagem geral), tristezas. E consequentes inspirações para o blog. 

Mas tenho que reconhecer que foi o ano em que mais viajei. E como viajar não é pouco, sou grata e compartilho esse texto mais leve, cheio das viagens, amores e as saíras-sete-cores!




segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O país da copa

Ai gente, para variar, depois de alguns dias de retorno de férias, vem o efeito rebote,como escrevi aqui no ano passado. Mesmo período.
Mas este ano o efeito rebote veio com mais força, porque é inevitável comparar os países desenvolvidos visitados com o nosso. País de merda. É só o que eu consigo pensar voltando das férias na Suíça e Holanda.
Sempre rechacei comentários desse tipo, sempre tentando pensar positivo, no quanto o povo brasileiro é um povo amável, feliz e solidário. Porém nesse momento, nem a alegria espontânea dessa gente bronzeada supera a burrice, ignorância e falta de educação. Família Sarney há 50 anos no Maranhão é a prova mais contundente disso. O Estado está ferrado e continuam botando essa família lá. Lindberg, Crivella e Garotinho (ficha suja) aparecendo nas pesquisas é outra prova do que estou falando. Como pode?
Não adiantaram os protestos, manifestações e muito menos o quebra-quebra, que de certa fora até defendo, pois se não quebram tudo, os políticos riem na nossa cara e dizem: como é linda a manifestação popular! Sou contra a violência, tem que ser sem machucar ninguém, mas tem que quebrar tudo mesmo! A Dilma acaba de fazer uma parada em Lisboa e paga 27 mil reais em UMA noite no hotel mais caro de Lisboa. Tem que esperá-la no aeroporto e quebrar tudo mesmo! É MUITA cara-de-pau!
Voltei de férias revoltada. Por que é tão difícil fazer as coisas funcionarem? Por que não começam de uma vez a fazer o nosso imposto voltar? Por que que tem que continuar morrendo gente para se tomar a primeira atitude? Um ano (hoje) da tragédia mais absurda que houve ultimamente, que foi a de Santa Maria, com 242 jovens mortos, e nada mudou. Nada. Somente CINCO escolas de samba aqui do Rio tem galpão liberado e seguro para receber multidões. Cinco. De 25.
O governador desse estado aqui achou que havia mandado os traficantes embora e se gaba gloriosamente do sistema de segurança pública. Onde? Em oito anos que moro aqui, nunca me senti tão insegura! Os números  no estado só crescem: de homicídios dolosos subiu 38% de 2012 para 2013. Roubo nas ruas, então, subiu 37%, número muito inferior ao real, porque a maioria das pessoas já nem presta queixa. Não adianta, nada acontece.
Depois de pós-graduada, nunca me senti tão insegura em relação a emprego. E agora ainda falo espanhol!
Desilusão. Desesperança. E esse país só vai mudar em 200-500 anos, depois de alguma guerra horrível que assole todo mundo e aí realmente possamos aprender alguma coisa. 
No momento, só consigo pensar que essas eleições de 2014 só vão servir para comprovar tudo que eu escrevo acima. E que todos nós já sabemos.
Pena que nós, meus leitores desse blog e eu, sejamos minoria nesse país de bolsas-cala-a-boca. Então, enquanto isso, procuro a minha, mas no exterior. E para estudar, me desenvolver e, passando o frio das gentes europeias, finalmente possa sentir saudade da nossa gente bronzeada, e assim voltar a dar-nos o nosso devido valor.