sábado, 7 de maio de 2016

Ni hao!

O primeiro contato foi no aeroporto de Dubai. Já percebemos que o voo estava cheio. Quando a moça chamou para embarque os passageiros vip-top-masters e pessoas com necessidades especiais, todos os chineses foram pro gate. Quando ela chamou os da entrada A, todos os chineses foram pro gate. Quando ela chamou os da entrada B, todos os chineses já estavam no gate. C, D não sei pra quê. Quando chamou o E, que era o nosso, levantamos e percebemos o tamanho do pepino agridoce. Uma chinesinha minion parada na entrada da escada rolante gritando e tentando arrumar a bagunça, fazer a triagem para que o embarque se desse organizadamente. Doce ilusão, mas ela já devia saber. Nós é que ficamos chocados com aquela visão do inferno com olhos puxados. E rimos.

- Huanyíng Zhongguó! (Bem-vindo à China!) – disse o chinês da alfândega. Só que não. Mandou um cara-crachá-cara-crachá sem mover um pelinho da sobrancelha. Agora bem-vinda à China, pensei. Mas a oficial do raio X fez um gesto simpático para passarmos direto. Xièxie!

Sempre tive em mente que os orientais, principalmente chineses e japoneses eram sérios, fechados, na deles.

Quando saímos do desembarque, um chinês fofinho se aproximou e mandou um inglês-australiano impecável. Mentira! O menino morou cinco anos na Austrália e ainda assim é muito difícil entender o que ele fala. – Prazer, meu nome é ------, mas pode me chamar de Panda. Ótimo, Panda, porque não entendemos seu nome.

Os chineses usam bolsa de mulher. Mas quem disse que é de mulher?

Faz uma semana que estamos em Beijing e a conclusão é que eles podem até ser fechados. Mas são menos sérios que eu poderia imaginar. Eles sorriem muito no contato com você. Não entendem uma palavra do que você fala. E vice-versa.
- English? Pergunto.
- (cara de espanto).
- English? No? - Tento de novo.
- Anglis no hahahahaha. Remendou-me a vendedora do Carrefour. Ela ria de um lado e eu de outro.

Mas funciona, simpatia é quase amor.

Outra vez, sentei sozinha no restaurante para almoçar e vi no menu algo que era pato, pedi o pato. A moça me mostrou um pato inteiro, entendi que ela queria dizer que era muito só para mim. Disse então que não. NÃO, gestos e mais gestos dizendo que eu não queria mais o pato. E pedi outra coisa que achei que era só macarrão e outra coisinha para completar. Veio o pato, o macarrão completo e a outra coisinha. Comida para três. E comi muito para não fazer desfeita. E ri. Porque esse é o aprendizado.

Ontem pedimos um prato e chegou outro. Entreolhamo-nos e pensamos: Quem vai reclamar e dizer que não era isso? Resultado: botamos pra dentro. Sorte que era bom!

Gostaria muito de entrar na rotina deles e fazer parte de tudo isso. Mas é impossível. Os velhinhos e as crianças me encaram como se eu fosse um alien ruivo. Os adultos disfarçam. E os jovens gritam: Hallo!! Acho que não conseguirei integração total.

E assim passamos esta primeira semana na China. Sorrindo, indo dormir meio-dia para acordar pro Jornal Nacional, tentando entrar no fuso, fazendo xixi de cócoras e tomando sopa de macarrão no café da manhã.

Tem outras coisas. Muitas, claro. Mas são outras histórias.


3 comentários:

Unknown disse...

KKKKK!!! Muito bom Lia! Grande aprendizado... Viver em imersão em uma cultura muuuito diferente. Tudibom!

Rubão

Unknown disse...

Muito bom Lia#!

Unknown disse...

Oi tia Lia!Adorei !Você pode por favor botar uma foto da Xina?kkkkkkk����