terça-feira, 21 de outubro de 2014

Ignorance is bliss

Desde a primeira vez que ouvi essa música do Ramones, amei. Tradução direta: Ignorância é benção. Eu, que sempre me achei muito espertinha, refleti muito sobre essa frase, mas já era tarde demais para mim.

Realmente não saber das coisas traz muito menos exigências, mais paz de espírito, mais tranquilidade. Tentar entender esse mundo, buscar a verdade e o conhecimento só traz sofrimento e depressão.

Era muito mais fácil acreditar em Deus quando criança, naquele deus bonzinho demonstrado nos livros da Catequese ou nos estudinhos bíblicos de fim de semana. Acreditar que vamos morrer e alcançar a vida eterna num lago plácido, ao lado do bom velhinho barbudo e sereno (Deus, não o Papai Noel, mas também serviria) é um dádiva e nos faz querer viver bem direitinho, só para garantir um lugar no céu. O mesmo vale para os muçulmanos radicais que (juram) terão 30 (trinta, TRINTA!!! ou mais, dependendo do saldo da bomba-colete) virgens (VIRGENS!!!) esperando por eles, logo após a detonação. Para mim, nem precisa muito, se eu tivesse a garantia que iria encontrar minha mãe, todos meus parentes e amigos no céu e ter à disposição um freezer da Haagen-Dazs (sou facinha) por toda a eternidade, poderia pensar em uma bombinha no congresso. Mas não. Já sei que não tem sorvete e que tenho muitos amigos que nem querem se encontrar comigo no céu. Dizem que o inferno é mais divertido.

Esses tempos vi um vídeo caseiro, gravado dentro de uma comunidade, onde uma mulher bem simplesinha e desdentada afirmava categoricamente que o Evaldo (?) disse para ela que se não votar na Dilma, acaba com o bolsa família. E a eleição dessa mulher tá garantida. Ela nem vai mais esquentar com isso, porque no seu mundinho minimalista, basta votar na Dilma para a vida dela continuar boa como está. Não há questionamentos, não há dúvidas. Não há violência no seu feicibuqui. O Evaldo falou, tá falado. E o assunto e os problemas acabaram.

Outro dia, alguém me falou que uma conhecida não queria tirar o passaporte, porque nunca iria viajar mesmo. Existe algo mais fabuloso do que não sentir vontade (saudade) de viajar para bem longe? Realmente, se nunca foi a Paris, como saber o que significa Paris? Eu sofro imensamente de não poder ir a Paris todo o ano, toda semana, todo dia!! Meodeos, por quê?? Por que me deixaste ir a Paris, e descobrir o quanto é bom??

Vou nem falar sobre filosofia, champanhe ou trufas brancas.

E escrevendo aqui, descobri que essa frase é de um poeta Inglês, Thomas Gray (1716-1771): Ode on a distant prospect of Eton College. Lindo, transcrevo/traduzo a dita parte, para reflexão:



To each his sufferings: all are men,                         Para cada um o seu sofrimento: todos são homens,
            Condemn'd alike to groan —                                 Condenados igualmente para lamentar -
      The tender for another's pain,                                  A ternura pela a dor do outro,
            Th' unfeeling for his own.                                        A insensibilidade pela sua própria.
     Yet, ah! why should they know their fate,              
Ainda assim, ah! Por que eles devem saber o seu 

            Since sorrow never comes too late,                         destino,   
            And happiness too swiftly flies?                              Se a tristeza nunca chega tarde demais,
      Thought would destroy their Paradise.                        E a felicidade muito rapidamente se vai?   
      No more;—where ignorance is bliss,                     Pensei que iria destruir seu Paraíso.
            'Tis folly to be wise.                                        
     Não mais; - onde a ignorância é benção,        
                                                                                                   É loucura ser sábio.

    

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sério mesmo?

Está complicado. Realmente muito sinistro. Gente perdendo a linha, as estribeiras e os amigos. Agressões de vários tipos e o pior, no meu ponto de vista: completamente infundadas.
Falando sério, dá mesmo para defender a Dilma ou o Aécio?

São dois macacos velhos na política, pertencentes a dois partidos macacos velhos, que, infelizmente se revezam no poder. Todos corruptos, todos loucos pelo poder a qualquer custo. Históricos comprovados pela própria história. 
Nós brasileiros devemos ao FHC o plano real. Foi ele sim, dentro do PSDB que nos devolveu dignidade, controlou a inflação e nos (classe média) permitiu comer carne. Quem (que tenha mais de 30 anos) não se lembra dos pais recebendo o salário e indo imediatamente ao supermercado, fazer compras com 2, 3 carrinhos cheios, porque no DIA SEGUINTE já estava tudo custando O DOBRO. E de não ter leite e poder comprar apenas um litro dia sim, dia não, ou passar semanas comendo apenas frango porque não tinha carne? Peixe nem se fala. Artigo de luxo. Eu tinha apenas 10 anos e me lembro desta conversa na mesa do almoço após a aula: - Mãe, frango de novo?? Não aguento mais. Deixando minha sobrecoxa de lado e comendo apenas arroz e feijão. E os olhos da minha mãe marejando ao ver uma criança fazendo um comentário desse tipo sobre comida.
São 20 anos de plano Real. Os oito primeiros (do PSDB) foram cruciais para se estabelecer uma nova economia. Estabelecer mesmo, portanto qualquer (QUALQUER!) governo que viesse depois desse desfrutaria de estabilidade econômica e poderia pensar em alavancar outras áreas. O PT se deu bem, pois pegou um país equilibrado e mais forte. Nunca antes na história desse país, havia condições de levar outros assuntos, que não fosse só a inflação, adiante.
Aí, normal, vieram todos os problemas, anexos a qualquer poder perpetuado. Corrupção e todas as outras questões que fortalecem nosso estômago (quase um abdominal não vomitar com as notícias), mas enfraquecem nossa mente. Então votemos no Lula em 2001. Precisávamos de mudança. Tanto quanto precisamos agora. Esperança, igualdade, liberdade, viva os trabalhadores desse país, chega de domínio das elites! Até a explosão da notícia do mensalão. Eu não sei vocês, mas eu me senti extremamente traída. Lembro que pensei muito na minha mãe – falecida em 2001 –  que era fã ardilosa do Lula e que pelo menos não teve que viver esse desgosto.
“Se você pegar o mais ardente dos revolucionários e der poder absoluto a ele, dentro de um ano ele será pior do que o próprio czar.” (Bakunin 1814-1876).
Pois é, Sr. Bakunin, o senhor disse isso nos idos de 1800. Veja só!
E voltando aos 20 anos do plano Real, noves fora zero, menos oito do FHC, são 12 com o PT no poder. Também já deu, não?  Todas as quadrilhas estão articuladas, prontas e funcionando a mil. Sabemos de algumas, da maioria aposto que não. Só o que está acontecendo com a Petrobras - e pós prisão da cúpula do mensalão - já seria motivo de sobra para que o PT deixe o governo. Por que o Lula foge tão desesperadamente, há sete meses, do depoimento à Polícia Federal? E os amiguinhos da nossa presidenta? São 12 anos estreitando laços com Los Castros, Chavez, Maduros, Kirchners e afins. É preciso desconstruir estas relações, veja como estão estes países! Super bem, né? Só que não.
“Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão”. Eça de Queiróz
Na Suíça, o presidente governa por um (UM!) ano apenas e é proibida a reeleição. Por que será que eles estão ANOS LUZ à nossa frente em questões de desenvolvimento?
Eu vejo assim. Não sou PSDB, embora seja fã do FHC. Não gosto do Aécio. Acho ele um playboyzinho safado, preparado desde o berço de ouro para o papel sendo desempenhado agora. E acho igualmente absurdo as pessoas defendendo com garras e dentes, porque ele não tem moral nenhuma mesmo. E é fato que quem o festeja são os adesivos das SUVs grandes e blindadas. É um candidato dos ricos, sim, mas a economia fraquejando é o pior indício do início do declínio de outras áreas. 
Portanto, deve-se desarticular as quadrilhas prontas, revolver a terra sob os mandantes, bagunçar o coreto dos poderosos.
E ser responsável por NOVA mudança em 2018, de preferência com uma terceira alternativa, excluindo estes dois partidos que estão se revezando na nossa história de desigualdade. O Brasil é um país rico. Temos condições plenas de nos desenvolver e ter uma vida digna, com educação, saúde e segurança. 
Há que se impedir a reeleição. Ponto final.
Quando e quem vai nos tirar o nariz de palhaço? Esse sim, vou defender, lutar e brigar.
Por hora, vou mandar um “acorda!” especial a toda essa guerrilha sendo travada, a quem fica escrevendo desaforos defendendo qualquer um desses dois aí.
Isso me preocupa muito mais do que quem vai ganhar a eleição. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Somos o máximo!

Eu sempre quis fazer parte dessa turma. Ouvi uma delas dizendo.

Sim, nós somos muito legais. Havia uma época em que brincávamos muito com a expressão “modéstia à parte”. Era uma brincadeira ingênua, porque percebíamos o quão sortudas todas nós éramos em nos termos como amigas.

O que nos uniu sempre em primeiro lugar fora a diversão. E nestes momentos de descontração,  de riso frouxo ou coração apertado, acabávamos por ter conversas mais profundas e percebíamos logo a empatia que nos unia. Estilo de vida, coisas que nos norteiam e o modo de conduzir o que acreditamos.

Isso fora se espalhando, conforme uma nova amiga era apresentada a outra. E outra a outra. E a cadeia foi crescendo, ganhando adeptas, quebrando barreiras e ciclos. Fulana era amiga da Ciclana, agora é minha também. Os telefones sendo passados e cruzados, ultrapassando a ponte de apresentação entre uma e outra. Até alguém nem se lembrar como se aproximou e passou a fazer parte da vida da outra.

A distância muitas vezes reivindica seu espaço, porém apesar de simplesmente existir (distância significa espaço, às vezes simples mudança de bairro, às vezes de cidade e às vezes de país), nunca se apodera do sentimento que reina nestes relacionamentos sinceros. Nada em troca que não seja simplesmente o mesmo. E o mesmo sincero.

A amizade predomina sempre. Nem aquela que se foi tragicamente e mesmo com sua partida precoce não deixou de unir as que sobraram. Porque a vida é dos que sobram, diz o poeta. E nós que sobramos continuamos nos unindo e nos prestigiando. E consequentemente a ela.

Assim como toda paixão, a amizade necessita de dedicação. Mas não de pressão. Às vezes não é fácil regar esta florzinha. Às vezes nos falta tempo. Às vezes nos falta dinheiro. Às vezes nos falta saco. E tudo isso é normal. Só não é normal a 'preguiça, que é pior que a depressão.'

As paixões em comum, as dedicações em comum e o respeito ao incomum. E a vida fica mais leve para todo o resto.

Agora não estou chorando mesmo, mas agora mesmo estava. E de novo, elas sabem exatamente do que estou falando. 

E como "ter" amigos significa "ser" amigo, se você está lendo isso, sinta-se incluído. Está a um passo de admitir: 
- Modéstia à parte, eu também sou muito legal mesmo.