sexta-feira, 2 de outubro de 2009

2016 - Rio loves you!


É incrível como essa coisa de Olimpíadas mexe com a gente, não é?
Eu confesso que eu fazia parte dos 16% que não queriam os jogos aqui. A exemplo do Pan de 2007, muitas coisas foram prometidas e nem metade executada. Eles falaram que iam melhorar tudo e quando vimos, o Pan passou, fizeram tudo realmente mascarado, para que ninguém percebesse coisas reais, como melhorar os asfaltos, transporte, hospitais etc. Só arrumaram os entornos dos lugares onde os jogos se realizariam, superfaturando as obras e alguém (César Maia) embolsando muito, mas muito dinheiro. A cidade ficou louca, o trânsito ficou insuportável, mas passou e até que bem.
Exemplo claro também do Chicago, onde sua população não apoiava a candidatura, pois tinham medo da corrupção, que os políticos embolsassem grande parte dos recursos. Como diria Ancelmo Góis, deve ser terrível viver num país assim...
Eu ainda tenho medo que das promessas feitas, não saiam nem metade. Mas também tenho esperança. Eu sempre tenho esperança. Talvez a Copa de 2014 já inicie uma nova fase nessa cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, e desse país com um povo tão pacífico e acolhedor quanto sofrido, que merece alegrias, mesmo que paliativas. Mas quem sabe não é realmente o verdadeiro início de um desenvolvimento justo e sustentável?
Não sei. Só sei que mesmo crítica e contra, chorei quando o cara abriu aquele envelope! Porque também sou brasileira, com muito orgulho, com muito amor e também não desisto nunca.

***

Por falar nisso, como podem perceber, eu escolhi champanhe!



terça-feira, 22 de setembro de 2009

Devo pedir champanhe ou cianureto?

Perfeita coluna do Jabor de hoje - 22 de setembro, meu aniversário - nO Globo. Eu não sei exatamente o porquê, mas estou em negativa de comemorações este ano, sem a animação usual de estar comemorando mais um ano de vida. Não pode ser porque estou ficando velha, pois aniversário é sinônimo disso, e também porque 34 ainda é uma idade bonita.
Mas realmente, também estou de saco cheio. Também não aguento mais tanta roubalheira na política, conselho de ética arquivado, Collor reeleito, Maluf também, Sarney mandando no país, o Lula só falando em pré-sal e que os problemas do Brasil acabaram, enquanto ali no Miguel Couto, as pessoas não conseguem um mísero atendimento hospitalar e morrem nas filas, sem ter a quem pedir socorro nem a quem lamentar. Não aguento mais saber que o salário dos professores estaduais no Rio não chega a um mínimo e meio, como querem que alguém tenha o prazer inerente ao trabalho de educador, se não consegue nem sobreviver? Dinheiro de merenda escolar desviado, aprovação automática, para quem eles acham que vão deixar o país, num futuro não muito distante? Não dá mais para ouvir dos países em desenvolvimento que eles não aceitam a nova política ambiental, porque assim como os países já desenvolvidos usaram tudo que podiam, eles também têm esse direito e o planeta que se dane. Esgota ouvir quantos campos de futebol são queimados por mês na Amazônia e ninguém consegue impedir que destruam a nossa floresta. Não aguento mais ver os caras de pau do MST fazendo esporro, com bençãos sei-lá-de-quem, afinal eu também não tenho onde cair morta e nem por isso fico invadindo o território alheio. Estou de saco cheio de crianças mal educadas, criadas por babás de branco, sem saber a noção exata dos limites. Minha mãe me corrigia com um olhar. Onde está a capacidade dos pais de educar um pequeno ser, que não sabe de nada e só depende deles para aprender? Dá enjoo mesmo ver os pobres coitados que deram tudo que tinham para o Edir Macedo construir sua fortuna, como é que esse cara consegue dormir à noite? Saco cheio dos motoristas de táxi, ônibus e vans que, por acharem que estão trabalhando têm o direto de ferrar com o trânsito todo da cidade, e dos bandidos que encontram na banalidade da vida deles a razão para matar alguém só porque querem o brinquedinho caro que esta pessoa tinha e eles, não. Dá zica ver aquela cara esticada de plásticas da Dilma afirmando que é mestra e doutora em sua página, depois culpar outros pelo 'engano' e depois jurar que não encontrou com a outra lá, e todo mundo sabe que ela encontrou sim! Cansa batalhar para entrar e continuar no mercado de trabalho, estudando uma matéria que te diz que todos são lobos, que é preciso ter um diferencial ou você está fora, pois ninguém está nem aí para o fato de que todos precisam trabalhar e viver com dignidade. Se você é uma gazela, deve correr mais que o leão, se é o leão deve correr mais que a gazela. Dá para respirar? Até onde irão os furacões e inundações, desabamentos e tristeza para pessoas que deram tanto duro na vida e perdem o pouco que têm em minutos. Me enoja ver o Jornal Nacional, sabendo que eles não têm culpa, mas o dever de transmitir tanta desgraça.
O mundo tem tecnologia e dinheiro para acabar com a fome e a miséria, mas prefere construir armas nucleares, leiloar caças e não assinar nenhum tratado ambiental.
Estou com 34, como posso pensar colocar um filho num mundo assim?
Por isso me uno ao Jabor e ao Cole Porter, autor dessa máxima para o dia de hoje: devo pedir champanhe ou cianureto?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Destruição de Brasília

No início eram só revoltas. Mas revoltas particulares, cada um engolindo sozinho as notícias de jornais, acumulando seu próprio stress, alguns suas próprias úlceras, enquanto outros liberavam sua intolerância no outro. O caos começava a se instalar. A segurança, a saúde e a educação estavam mais do que no lixo. As escolas não funcionavam, não havia professores suficientes; os poucos médicos humanitários dos hospitais públicos já não davam mais conta de tamanha demanda. A população foi aos poucos diminuindo, a mortalidade aumentando. Tanto acidental quanto provocada por homicídios, resultado da lei do mais forte. O dinheiro público se concentrava e se esvaía em Brasília, onde os políticos mais que descaradamente embolsavam o máximo que podiam, já que a impunidade era a palavra da moda. Ninguém fazia nada. E esse mesmo ninguém já não mais aguentava. Jornalistas, empresários, executivos, artistas, pessoas influentes, sem falar no povo que já não tinha mais nada, dentro do pouco que nunca teve. E então, na surdina, começou a preparação. Emails eram trocados entre a população. Notas figurativas nos jornais acionavam determinada classe, as empresas informavam seus funcionários, os sindicatos esclareciam para seus membros e paulatinamente tudo foi se organizando. Empresas de transportes aéreo e terrestre organizaram a multidão, todos em prol de um só objetivo. Foi no dia 7 de setembro de 2022. Duzentos anos após a conquista da independência. Milhões de pessoas chegando em Brasília. Nas mãos, ferramentas de todos os tipos e tamanhos. Os mais organizados chegaram com tratores e máquinas grandes de destruição e implosão. Mais do que organizado, a intenção não era ferir ninguém, muito embora o presidente e alguns membros do congresso e do senado não passaram impunes e a população, não contendo o ódio acumulado em anos, acabou por linchá-los. Mas ninguém havia de ser punido. Não havia testemunhas. Não havia polícia que segurasse a indignação do povo. Bastaram os três dias do feriado. Não sobrou pedra sobre pedra. Não sobrou espaço que permitisse a reconstrução. A faixa presidencial foi colocada num avião e enviada para o Rio de Janeiro, onde, nas portas do Palácio Guanabara, outra multidão a esperava com as boas vindas da nova velha Capital Federal. Perto do povo. Junto com o povo. Onde o povo está. E a política brasileira nunca mais foi a mesma.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu queria escrever

Eu queria escrever um livro. Mas onde estão as palavras? Esgotaram-se os significados. Como surdos e mudos comunicamo-nos com as mãos. Eu queria que me dessem licença para eu escrever ao som harpejado e agreste a sucata da palavra. E prescindir de ser discursivo. Assim: poluição.
Escrevo ou não escrevo?
Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades de mar.
Escrever existe por si mesmo? Não. É apenas o reflexo de uma coisa que pergunta. Eu trabalho com o inesperado. Escrevo como escrevo sem saber como e por quê - é por fatalidade de voz. O meu timbre sou eu. Escrever é uma indagação. É assim: ?

Clarice Lispector in Um sopro de Vida.

É!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Sobre karlas e zilás...


Eu já mencionei aqui (ou em outro lugar qualquer) sobre a massacrante cultura ocidental no que se refere à morte. A perda de pessoas queridas do convívio certamente não é uma exclusividade do ocidente, no entanto, a cultura milenar oriental já demonstrou que pode ajudar a superar essa trauma totalmente inevitável. Já diria o ditado que para todo o resto há soluções. Então, se inevitável é, preparados estejamos!

No entanto, graças ao costume antigo nosso de somente lamentar a perda de alguém, não é nada fácil agir racionalmente. Sabemos (?) que quem já foi chamado cumpriu sua missão, saiu desse mundo cruel e está em paz, bem melhor do que nós, que ficamos. Porém a dor da perda das pessoas que se vão cedo demais é tamanha, que passamos dias, meses, anos torturados pela ausência dessas pessoas queridas.

Poderia se assemelhar à perda de uma perna. Talvez, nunca perdi uma perna, mas perdi minha mãe e minha melhor amiga. E talvez eu preferisse perder as duas pernas e tê-las novamente ao meu lado. Sempre digo que somente as mães dizem coisas certas na hora certa. Não há substituição para isso e quando me encontro em momentos difíceis, sinto ainda mais essa dor profunda misturada à necessidade de desabafo com essa pessoa certa, que não está mais ao meu lado.

Poderia se assemelhar à perda da visão. Talvez, nunca experimentei a cegueira, mas deixar de ver as cores do mundo deve ser uma tristeza imensa. Mesmo assim, talvez eu preferisse ficar cega, mas continuar ouvindo os conselhos certos da minha mãe, ou as risadas histéricas e contagiantes da minha amiga.

Todas as perdas são difíceis. Lidar com elas é que é a lição. Encarar a falta das pessoas queridas em nossas vidas requer treino diário, respiração profunda e foco no que nos restou. Não há jeito, não há saída. O sol se põe, mas volta. Talvez seja uma espécie de consolo para mostrar que a vida continua. Pelo menos a nossa.


"A morte não é nada para nós,

pois, quando existimos, não existe a morte,

e quando existe a morte, não existimos mais."

segunda-feira, 9 de março de 2009

Tic Toc Tic Toc


OMG!
Estou mais uma vez impressionada com o passar do tempo. Como se fosse novidade... Há mais de cinco meses que não escrevo. Sinto que travei por conta dos acontecidos no fim do ano passado. Talvez.

Bem, seguindo a ordem dos últimos posts, explico:

Gabeira não venceu as eleições para a prefeitura do Rio. Perdeu por muito pouco, coisa que talvez tivessem que fazer outra eleição para ter certeza que o Eduardo Paes e Amor ganharia de qualquer jeito. De lá para cá, passei a simpatizar com o novo prefeito. Muito pode (deve) ser politicagem, óbvio, mas depois de tanto tempo sem um prefeito que dá as caras, Dudu (para os íntimos) aparece em todos os eventos, visita comunidades, participa de inaugurações, comemorações, tocou pandeiro no sambódromo, enfim, está perto do povo, está onde o povo está. E isto já é um começo. A chance de cruzar com César Maia era mínima, o cara vivia na Suiça (diz que já se mudou para lá... também, esse nunca mais se elege...). A chance de cruzar com Dudu é grande, uma vez que ele vive por aí. Boa sorte, prefeito, o Rio precisa de você.

E Gabeira, fofo, continua trabalhando, informalmente, fazendo as vezes de prefeito, no que concerne ao seu poder público em ajudar essa cidade, que já foi maravilhosa e está largada às moscas, ou melhor, aos mosquitos da dengue.

tic toc

Nem um mês depois, uma das minhas melhores amigas morreu. Não morreu simplesmente, mas foi tirada bruscamente do nosso convívio por conta de um marido fraco, covarde e psicopata. Isso me chocou. Isso chocou a todos. Karlota, saudades eternas, amiga! Depois de tudo que você passou com o infeliz do seu ex, você era boa demais para continuar nessa vida cruel... Esse acontecimento me matou um pouco. Fiquei atônita, perdendo a fé nas pessoas... E tinha que continuar...

tic toc

Estava fechando a antiga empresa, abrindo outra, burocracias e mais burocracias, afinal agora, se eu não trabalhar e muito, não como! Exagero? Pode ser, mas a vida de empresária te faz cair numa real absurda. A parte boa é que não tenho chefe, ninguém no meu pé, gralhando porque cheguei 15 minutos atrasadas! Ah, a liberdade....

Paralelamente - também - monografia, trabalho de conclusão de curso! Escrevi - corajosa, como disse meu professor da banca - um ensaio sobre os temas pertinentes a dois grandes poetas: Renato Russo e Cazuza. Fiz uma comparação porque sempre achei que os dois se pareciam, nas trajetórias de suas vidas. E como a arte imita a vida, o resultado são composições ricas falando sobre as coisas que os assustavam, os cercavam, os deprimiam, os animavam. Enfim, é a vida! Tirei 10!

Paralelamente - de novo - preparações para o show do ano. Ou melhor, da vida. Madonna no Brasil! Fui nos dois dias de show (14 e 15/12 no Maraca). Me esbaldei diante da rainha, foi incrível para quem é fã. Ela realmente prova a que veio a esse mundo, com uma produção impecável, um corpo de matar a gente que é 20 anos mais nova, e uma energia invejável! God save the queen!!

tic toc

E então: FÉRIAS! Tiramos duas semanas de fim/começo de ano e fomos para o sul. Curita no Natal, família, amigos, descanso. E depois Praia do Rosa para o reveillon! Demais!

tic toc

Pisando em casa de volta, muito trabalho! Empresa nova a mil por hora - graças! - começamos o ano com tudo e mais um pouco. Dizem que ano só começa após o carnaval... se isso for verdade, muito bom, pois em dois meses, trabalhamos como se fosse fim do ano! Mas perfeito, não estou reclamando, que fique claro!

tic toc

Carnaval na Sapucaí, desfilamos pela São Clemente, foi muito divertido, como sempre. A energia daquela avenida é uma coisa sem igual nesse mundo. Já disse e repito, todos devem ter essa sensação, pelo menos uma vez na vida! Vale a pena!

Agora março chegou, meus traumas se amenizaram e espero que a voz da pessoa que vos fala/escreve não se cale novamente por tanto tempo.

Que a imaginação não se congele pelas loucuras dessa vida.

Que a palavra seja sempre uma fonte de esclarecimento, informação, divertimento, ou seja lá o que, mas que sobreviva às perdas e que ultrapasse as correrias do dia-a-dia.

Que a falta de tempo não seja motivo para o desabafo, porque ele - o tempo - não perdoa, não para, não desculpa. Simplesmente passa.

tic toc tic toc tic toc...