Bem num momento de palavras, do discurso e sua eficácia,
filosofia da linguagem, suas virtudes e refutações: o aniversário.
Era momento de buscar autores, criar novos conceitos, estudar a linguística.
Veio a pragmática e destruiu o pouco de poesia que me restava.
Não é possível mesmo dizer o mundo. Toda palavra é excesso. Palavras são objetos
magros, incapazes de conter o mundo, dizia o poeta. Mesmo assim, deixamo-nos
iludir.
Não é possível mesmo desvendar o sentimento e traduzi-lo em
palavras.
Nem com as mais de 350 mil unidades lexicais da Língua Portuguesa.
Nem com as centenas de desejos felizes dos meus amigos.
A palavra é concreta.
Todo o resto, não.
Adormeci mergulhada
no mundo das palavras e acordei sem saber usá-las.
Não basta dizer obrigada.
Então não direi.
Continuarei trilhando minhas montanhas,
buscando as minhas verdades, acreditando no que me faz bem viver e vivendo da
maneira que acredito.
E sempre quando um novo ciclo se completar e novamente essa alegria abocanhar a minha oratória e limitar minha retórica, saberei que pelo menos a minha dialética com o mundo está sendo resolvida a contento.