quarta-feira, 28 de novembro de 2007

A volta dos que não foram.

Mas se não foram, como voltar? Perguntaria a criança inocente.

A questão é que para voltar às vezes nem precisa ir muito longe.
A questão é que para voltar às vezes nem precisa ir.
A questão é que tudo nessa vida volta, de uma forma ou de outra, assim como tudo que sobe desce. E volta porque na verdade, nunca se foi.
The Police, Spice Girls, All Star, boca de sino, agora cintura alta, saia balonê, manga morcego, Jackson Five. Até Jason renasceu do inferno para enfrentar Freddy Krueger.
Não adianta lutar contra, o mundo é cíclico. Nós tentamos ir para frente, esquecer o que passou, mas quando percebemos, a nostalgia nos faz suspirar pelo desejo de retorno de uma época que se foi. Já era. E a fim de retomá-la, ou melhor, revivê-la, e como não é possível trazer o tempo de volta, resgatamos coisas do século passado para nos sentir em algum momento de outros carnavais.
Encontramos pessoas de colégio no orkut. Combinamos churrasco com a turma-diretoria de 94 (que nunca acontecem), ouvimos aquele CD antigo do Ramones, Nirvana, Sublime, Raul. Tudo isso para retomar aquele gostinho que ficou lá no cantinho da boca, mas que certamente daquele mesmo jeito não volta mais. E talvez essa seja a magia do sentimento de nostalgia. Se as coisas durassem eternamente, tudo igual, sempre igual, qual seria a graça? O bom mesmo é viver coisas novas, experimentar novas sensações, novos gostos, novas roupas, novas bandas, novo tudo.
E quando de repente bater uma saudadezinha do passado, saber que ele está ali, adormecido e a qualquer momento ele acaba batendo na sua porta seja na forma de música, moda, filmes ou mesmo pensamento.

O meu nesse momento enxerga lá no fundo da memória um FURABOLO!
Tomara que mais alguém pense nisso.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Quero ser normal em Curitiba!

Realmente, agora que não moro mais em Curitiba há quase três anos, posso dizer que Rita Lee tem razão. Quando uma pessoa de fora, principalmente de cidades maiores como São Paulo, Rio e Porto Alegre, chegam na cidade, enxergam uma normalidade exagerada na capital do meio-ambiente. GentE!! Curitiba é uma fofa!!
Estive lá agora no feriado e fizemos um churrasquinho básico no sábado. Fui comprar as coisas no Wallmart, entreguei meu cartão de crédito para a caixa do supermercado, que educadamente me pediu: A senhora poderia me emprestar sua carteira de identidade, por favor? Só Curitiba mesmo para pedir a identidade das pessoas. O que é o certo, claro, com tantos roubos por aí. Mas em lugar nenhum, ninguém pede. Ninguém quer nem saber de nada, passou, comprou, deu lucro, para que conferir?
O trânsito é outro ponto que me chamou atenção. Calmo, tem congestionamento sim e muito! Mas todos dirigem a 50 km/h e todos dirigem a 50 km/h!! Tipo ninguém reclama, buzina nem nada! O limite de velocidade nas vias rápidas (sim, todos chamam de via RÁPIDA, não sei mais por que) da cidade é de 60 km/h. Para não correr riscos de multas, o curitibano anda a 50. E fica tudo bem, diferente do caótico trânsito carioca. Também porque curitibano se for reclamar no trânsito vai pedir licença e depois dizer obrigada. Falando baixo para não chamar a atenção. E param no sinal vermelho! Em todos! De dia, de noite, de madrugada! É muito fofo... Sem falar na limpeza da cidade que continua impecável e invejável!
E por fim, fui apresentada a um FUNK – um tanto quanto irônico – curitibano que retrata muito bem algumas manias do povo do leitE quentE, além do sotaquE. É muito engraçado, talvez um pouco caricato, mas pura realidadE.

Confiram no vídeo (com som) e atentem para:

* Dog com duas ‘vina'
* As ‘guria’ de topetinho
* Quentão na Praça Osório
* A areia cinza e dura de Matinhos e Caiobá
* O povo é meio frio e duro (para não dizer mal-educado)
* Faz muito frio e pouco sol: aqui até rolou uma piada que Curitiba tem poucos judeus porque eles não podem confiar no esquema pôr-do-sol a pôr-do-sol, porque se o sol nunca aparece, eles morreriam de inanição no Yom Kippur. Fala sério!
* Penal
* E claro: leitE quentE dá dor nos ‘dentE’ – e o problema com plural é fato (até a Grazi Massafera mandou ‘uns beijo’ esses dias)





AMO Curita, é a minha cidadE!!
Mas eu sou carioca, não dá!!!
Hehehe!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

MR 11/11 - 10 ANOS - Um texto feminista

Neste curso de Letras que estou fazendo, tenho a oportunidade de 'reler' os grandes clássicos da literatura universal. É incrível que desde sempre, talvez pela própria evolução da posição da mulher na sociedade, o homem é retratado por ele mesmo muitas vezes sem escrúpulos, muito ou pouco, mas o suficiente para percebermos o amor incondicional da mulher, enquanto ser humano.
Otelo de Shakespeare mostra o homem no ápice de sua falta de caráter, quando Iago, o melhor amigo do cara faz de tudo para acabar com a vida dele, enchendo sua cabeça com mentiras e absurdos, mas se fazendo crer pela amizade acreditada do general.
José de Alencar, em Iracema escrito em meados do século XIX, traça o perfil do 'herói' branco com certa fraqueza, incerteza de que estava ou não fazendo a coisa certa. Apaixona-se por Iracema, no entanto vive na dúvida (e consequentemente enrolando a moça) entre seguir esse amor ou voltar ao seu mundo civilizado, onde havia sua mulher branca lhe esperando. Para quem não lembra, por conta dessa tristeza do sumiço temporário de Martin, Iracema morre no final da trama, após dar a luz a seu filho (claro, Martin FEZ um filho na virgem dos lábios de mel e 'vazou') Moacir - que significa filho do sofrimento.
Outro escritor que destaca a força da mulher e a inutilidade dos homens é um espanhol, homossexual, de nome Garcia Lorca. Em 'A Casa de Bernarda Alba', a personagem-título, viúva e mãe de cinco filhas, tenta - certamente de uma forma impositora - manter a dignidade das filhas, não encontrando em parte alguma de seu lugarejo, algum 'ganhão' que valha o ar que se respire. O único homem mencionado na história acaba com a honra e a vida forçadamente calma da família. Coincidência ou não, o homem é retratado por ele mesmo como dito esperto, porém dificilmente consegue ser o herói sem de alguma forma fazer a heroína sofrer.
Até mesmo Édipo Rei, inconscientemente, fez sua mulher (depois descoberta mãe) se suicidar. Dupla falta de vergonha na cara.
Enfim, até num cultural curso de Letras, deparo-me com a fraqueza e a covardia do sexo masculino, o que reforça mais uma vez a nossa posição de força e amor, dentro de uma relacionamento. Amemos, sempre. Mas lembremos dessas e de outras sempre também, para que nunca sejamos surpreendidas com uma reviravolta na cabeça de nossos amados, em prol de duas de vinte, de sua posição profissional inferior à nossa, ou até mesmo um jogo de futebol perdido (pois isso também vira a cabeça deles).
Porque qualquer caminho não intencional e suavemente desviado por eles, pode ser o motivo de uma fuga incompatível com a nossa mais profunda compreensão maternal.

* O Movimento Revolucionário 11/11 é um movimento feminista criado em 1994 na brincadeira, mas com o firme propósito de nos fazer aceitar melhor as covardias vividas pelas amigas, provocadas pelo sexo frágil. Aqui entenda-se MASCULINO.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

EnFIAE!


Dúbio e pornográfico. Certo? Certo.
Fui assistir a uma sessão do Festival Internacional de Animação Erótica (FIAE). Alguém tinha idéia de que isso existia? Eu não. Fiquei impressionada com a infinidade de pensamentos, criatividade e expressão que as pessoas podem ter. A mente humana definitivamente é capaz de tantas coisas quantas existem entre o céu e a terra, apesar de nem sonhar a nossa vã filosofia.
São 51 curtas de 20 países diferentes, todos safadinhos, é claro, e exibidos em três dias de festival. Países latinos e ocidentais, de certa forma, mais natural. Assim como mais natural ainda a participação dos Países Baixos. Natural e irônico. Mas surpreendente mesmo é ver participação de países de culturas mais ortodoxas como Israel, Croácia e Turquia. Este último até coloca como sinopse de seu filme Hungaricum National Porn a seguinte explicação, perfeita à minha colocação: "Felizes são os húngaros, eles têm tudo, mas falta uma coisa: a indústria nacional pornô". Pelo jeito já não falta mais. Mas e por que não, se afinal o mundo todo cresce (e como!) porque o mundo todo faz sexo?
A curiosidade começa acerca dos títulos dos filminhos. Atenção: Tomillirola, Dick Head, Fauna Sutra, Why I crusified the cock?, mas o campeão mesmo foi ‘A Xereca Xorona’. Genial. Pena que esse eu não vi. Mas aproveitando a deixa vou usar minha imaginação.
É realmente um festival de criatividade que remete até a minha postagem mais antiga sobre liberdade de pensamento porque se não houver mente livre, não há como ter tais idéias e conseqüentes criações. Para quem teve a oportunidade de assistir fica a comprovação dessa lição de que não há limite para a imaginação. E a arte permite que (quase) tudo se torne realidade.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Vozes do além


Essa história de filme dublado é algo que obviamente nos acompanha desde sempre. Afinal, com exceção de poucos, nascemos e crescemos com apenas a nossa língua materna, o português. Desta forma, começamos a acreditar, mesmo sabendo da realidade, que os atores ‘holiudianos’ têm realmente aquela voz. Imediatamente associamos a voz ao personagem e é raro descobrirmos quem é a pessoa real, por trás daquele tom. Quando descobri, por exemplo, há anos, que o ator Orlando Drummond, o ‘Seu Peru’ era o Scooby E o Gargamel, entre outros, parecia que eu havia descoberto o mundo! Aquele Crueeeeeel não saía dos meus ouvidos e então associar uma coisa a outra parece dar um nó na cabeça do ouvinte. E quando mudam a voz do Bruce Willis, sabemos na hora que alguma coisa está errada. Desde a época que ele era apenas o ‘Rato’ a voz é a mesma e não adianta nos convencerem de que aquela voz não é dele.
Mas escrevo tudo isso porque esses tempos atrás eu conheci a Meg Ryan!! Isto mesmo! A sobrinha do meu semi-sogro é dubladora profissional e faz a voz usual de Meg. Ou seja, é uma voz que nos acompanha há muito tempo televisão afora (ou adentro). E num desses almoços de família, no meio daquela conversa toda, de repente ouço Meg Ryan perguntando por um guardanapo ou coisa parecida! A sensação é um tanto quanto estranha, porque se você fechar os olhos ou vai achar que a TV está ligada ou que a pessoa real, de carne osso está na verdade sendo dublada ali na sua frente. Depois descobri que ela também faz a Vaca, de ‘A Vaca e o Frango’, não é demais? Entre várias outras, é claro.
Continuo achando que filme dublado é ruim, mas a Mirian Ficher e o 'seu Peru' provam que há bons profissionais nesse mercado, que realmente nos convencem. Também porque quem nunca teve curiosidade de saber afinal quem é Herbert Richers??

domingo, 4 de novembro de 2007

Meu Paraná, meu tricolor!

Futebol também é um tema presente em minha vida desde sempre. Meu pai, meus primos, tios eram boca negra. O antigo Colorado, agora Paraná Clube. Uma resposta a altura à cultura racista coxa branca, vulgo Coritiba F.C. Explico. O Coritiba era/é um time de elite do futebol paranaense desde sua criação. Tal elite do sul, colonizada por alemães, poloneses e todos os tipos de galegos possíveis, não admitia pessoas afro-descendentes em seus times. Assim foi apelidado coxa-branca, por razões então óbvias. O Colorado/Paraná Clube por sua vez admitia quem jogasse bem, fosse preto, branco ou xadrez. Apelidado portanto de boca negra. Bons tempos em que o estádio gritava BOOOOCAAAAAA!!!
Enfim, rivalidade e explicação elucidadas, escrevo porque o meu time, glorioso de humildade, pobre de recursos, juntou-se ao Pinheiros e formou o grande Paraná Clube que, a fim de não deixar morrer a honra boca negra, está lutando no seu limite para não cair, depois de 13 anos, à segunda divisão do futebol brasileiro!!!! Ao passo que o Coxa está voltando à primeira.
E eu como mulher, quero dizer que estou sentindo uma coisa estranha, daquele tipo da tpm, que angustia. A gente sempre torce mas mais ou menos, claro comemora, vibra. Mas não se desespera diante de uma derrota qualquer; sabe que existem N coisas mais importantes no mundo para se preocupar. E nós nos preocupamos primeiro com elas. Porém chega um momento em que você para para pensar e vê seu time agonizando na zona de rebaixamento e vê que aquilo tudo é real. Aquele desespero, aquela dor existem, estão ali no fundo do coração do brasileiro e da brasileira que parece ter no sangue a genética da bola rolando. E como se não bastasse o fim do ano com toda aquela carga de fim de ano, ainda temos que arranjar tempo para fazer a figa necessária para transformar o cenário de cada time.
Pena é que para cada time na zona do rebaixamento, existem milhões de pessoas chorando a mesma mágoa desta paranista aqui. Talvez seja a nossa vez de passar por isso. Tomara que um dia seja a dos são-paulinos. Eles merecem. Ah, os 'coxa' também mereceram.
Mas então, já que ainda há esperanças, vamos lá:
olê olê olê,
olê olê olá
eu sou do tricolor
tricolor do PARANÁ!!!

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Elegia

Torturantes dores
Saudades que nunca terminam
A falta que pode fazer
Coisas que a vida ensina e que temos que aprender
mais fácil seria dizer engolir
Como se engole um remédio ruim
Mas que algo bom vai fazer
Essa é a lição de vida, na verdade lição de morte
Lição de dia-a-dia, mas para quê?
A vida passa voando, costuma nem avisar
será preciso a perda para valorizar?
Então, que se aproveite tudo, nunca se perca nada por vontade própria
Que se viva tudo, nunca se morra nada por vontade própria
Porque o que for vontade do Mundo
certamente vai acontecer
Quando menos se espera, algo se vai perder
Que tudo seja bem cuidado
Tudo seja demonstrado na hora em que se sentir
Porque quando menos se espera
Quando nem se faz idéia
Alguém de quem se gosta vai partir
Seja para longe daí, seja para perto daí
Seja para o céu que cremos existir
Seja o que for que aconteça
Expresse o que quiser que apareça
Diga o que vier na cabeça
Antes de dizer: morri.
(em 2001)