sábado, 8 de novembro de 2014

Empatia técnica

Fiquei realmente triste com o resultado das eleições (não, não há ódio ao Aécio que explique a conivência com a roubalheira geral.), mas ainda mais em perceber que estamos retrocedendo no que se refere ao respeito mútuo, a ponto de ver tantas agressões, tantas barbaridades, preconceito e o pior, ódio. Estamos todos à flor da pele. 

Estamos vindo de uma onda de ódio que explodiu nas manifestações do ano passado, passou pela constatação geral da nação de que fomos, muito, mas muito roubados mesmo com a organização da Copa, e depois o 7x1. Foi um impulso aos ânimos acirrados das eleições. Estamos todos sem paciência, cansados, com medo da violência, de não termos o salário digno que nos sustente. E como sempre, tendemos a ver somente o que os outros fazem de errado. Precisamos de tentar entender o que os leva a determinadas atitudes. Precisamos de mais empatia.

Fiquei estarrecida com a força do movimento "O Sul é o meu país", que prega o separatismo dos estados do Sul. Eu sou de Curitiba, não quero o separatismo.

Em primeiro lugar todos aceitamos tudo de bom que as regiões alheias oferecem. Suas praias, suas boas comidas, cultura riquíssima e tradições. Afirmar que a Amazônia é o pulmão do planeta e que o Rio Amazonas é o maior rio do mundo é de encher nossa vida de alegria, principalmente quando descobrimos isso lá na escola, nas aulas de Geografia. Mas a gente cresce e esquece de algumas sensações. E daí para botar a culpa nos outros é um pulo automático.

A culpa do resultado das eleições é do próprio governo que não dá educação. Dá comida. Qual é, afinal, o grande mérito de que quem nasce no Sul do país? Sorte. Você não nasce em algum lugar porque sabe e escolhe que ali é melhor. Pura sorte. Você não escolhe se vai ser um Whathefukinhowski ou só mais um Silva que a estrela não brilha. E qual o demérito de ser mais um e nascer no mais agreste dos sertões? Lutar a vida inteira por condições melhores e se a migração para o sul do país aconteceu, foi em busca do que quem nasceu ali teve de sobra, a vida inteira e de graça. Por pura sorte. Mas agora não quer dividir. Precisamos de empatia. De nos colocar mais no lugar dos outros. Para um povo que sofre o diabo com a seca e todas as limitações naturais que sua região impõe, ter comida para alimentar sua família é uma dádiva sim, e louve-se quem fez isso. Se o governo usa o ponto mais fraco de um povo para manipulá-lo, ele (o povo) é vítima, não algoz. 

Dividir o país em dois nunca foi nem nunca será a solução. O Sul tem uma excelente movimentação econômica, mas diretamente influenciada pelas outras regiões. Sem petróleo, com pouca variedade de matérias primas, seus bons portos são muito mais utilizados pelos outros estados que não tem "vista" para o mar, do que pelos próprios. Sua principal movimentação é a soja, com grande concentração de produção no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e São Paulo. A Bunge, a maior franqueada do Porto de São Francisco do Sul fica... Em São Paulo. O Porto de Rio Grande se fortaleceu quando ganhou o estaleiro para a construção de navios e plataformas da Petrobras, depois do escândalo de corrupção do Estaleiro Atlântico Sul em Pernambuco ( = estado do Lula). E então a Dilma transferiu o saldo destituído de PE para.... seu amado Rio Grande, que agora quer devolvê-lo, portanto? O que seria do Chuí, se não fosse o Oiapoque? Iriam falar de... Cornélio Procópio ao Chuí?

Essa grandeza do Sul está diretamente ligada ao fato de o Sul ser Brasil. E mesmo assim, não é para tanto. A sua participação no PIB nacional é de 16,2%. A do Nordeste (em crescimento) é de 13,4. Considerando as margens de erro, as regiões estão tecnicamente empatadas em sua colaboração. Será que o Sul realmente conseguiria se bancar sozinho? Porque quem banca o país, como um todo, é o Sudeste (55,4%), mas que não fala em separatismo. Para quem pensou em São Paulo, imaginem um dia sem nordestinos. A cidade iria parar. Os paulistas estão muito ocupados para fazer o que os nordestinos fazem pela cidade.

Vejam, como um exemplo o modelo pronto dos EUA, país continental, maior que o Brasil, administrado como federações, com leis distintas e voto distrital que influenciam diretamente a redução da máquina governamental e consequentemente redução de deficit público e maior facilidade de isolamento e combate à corrupção. Eles são maiores que nós, como conseguem? Nós também temos que conseguir. Unidos.

Keith Haring
Precisamos de empatia, de nos colocar no lugar do outro e tentar entender o motivo de certas atitudes. Isso vale muito no nosso dia a dia, quando os outros nos irritam. Está muito difícil para todo mundo, não só para mim. Temos que lutar juntos, pelo bem da nação. Cadê aquele hino nacional cantado à Capela em todas as partes do Brasil, aliviado pelo grito final de Pátria Amada, Brasil?

Temos que unir, ajudar, colaborar, sorrir, amar mais. Temos que separar, hostilizar, destruir e odiar menos, muito menos. E se já temos um empate técnico, agora precisamos de mais empatia. Nem que seja técnica. Mas separatismo não.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Ignorance is bliss

Desde a primeira vez que ouvi essa música do Ramones, amei. Tradução direta: Ignorância é benção. Eu, que sempre me achei muito espertinha, refleti muito sobre essa frase, mas já era tarde demais para mim.

Realmente não saber das coisas traz muito menos exigências, mais paz de espírito, mais tranquilidade. Tentar entender esse mundo, buscar a verdade e o conhecimento só traz sofrimento e depressão.

Era muito mais fácil acreditar em Deus quando criança, naquele deus bonzinho demonstrado nos livros da Catequese ou nos estudinhos bíblicos de fim de semana. Acreditar que vamos morrer e alcançar a vida eterna num lago plácido, ao lado do bom velhinho barbudo e sereno (Deus, não o Papai Noel, mas também serviria) é um dádiva e nos faz querer viver bem direitinho, só para garantir um lugar no céu. O mesmo vale para os muçulmanos radicais que (juram) terão 30 (trinta, TRINTA!!! ou mais, dependendo do saldo da bomba-colete) virgens (VIRGENS!!!) esperando por eles, logo após a detonação. Para mim, nem precisa muito, se eu tivesse a garantia que iria encontrar minha mãe, todos meus parentes e amigos no céu e ter à disposição um freezer da Haagen-Dazs (sou facinha) por toda a eternidade, poderia pensar em uma bombinha no congresso. Mas não. Já sei que não tem sorvete e que tenho muitos amigos que nem querem se encontrar comigo no céu. Dizem que o inferno é mais divertido.

Esses tempos vi um vídeo caseiro, gravado dentro de uma comunidade, onde uma mulher bem simplesinha e desdentada afirmava categoricamente que o Evaldo (?) disse para ela que se não votar na Dilma, acaba com o bolsa família. E a eleição dessa mulher tá garantida. Ela nem vai mais esquentar com isso, porque no seu mundinho minimalista, basta votar na Dilma para a vida dela continuar boa como está. Não há questionamentos, não há dúvidas. Não há violência no seu feicibuqui. O Evaldo falou, tá falado. E o assunto e os problemas acabaram.

Outro dia, alguém me falou que uma conhecida não queria tirar o passaporte, porque nunca iria viajar mesmo. Existe algo mais fabuloso do que não sentir vontade (saudade) de viajar para bem longe? Realmente, se nunca foi a Paris, como saber o que significa Paris? Eu sofro imensamente de não poder ir a Paris todo o ano, toda semana, todo dia!! Meodeos, por quê?? Por que me deixaste ir a Paris, e descobrir o quanto é bom??

Vou nem falar sobre filosofia, champanhe ou trufas brancas.

E escrevendo aqui, descobri que essa frase é de um poeta Inglês, Thomas Gray (1716-1771): Ode on a distant prospect of Eton College. Lindo, transcrevo/traduzo a dita parte, para reflexão:



To each his sufferings: all are men,                         Para cada um o seu sofrimento: todos são homens,
            Condemn'd alike to groan —                                 Condenados igualmente para lamentar -
      The tender for another's pain,                                  A ternura pela a dor do outro,
            Th' unfeeling for his own.                                        A insensibilidade pela sua própria.
     Yet, ah! why should they know their fate,              
Ainda assim, ah! Por que eles devem saber o seu 

            Since sorrow never comes too late,                         destino,   
            And happiness too swiftly flies?                              Se a tristeza nunca chega tarde demais,
      Thought would destroy their Paradise.                        E a felicidade muito rapidamente se vai?   
      No more;—where ignorance is bliss,                     Pensei que iria destruir seu Paraíso.
            'Tis folly to be wise.                                        
     Não mais; - onde a ignorância é benção,        
                                                                                                   É loucura ser sábio.

    

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Sério mesmo?

Está complicado. Realmente muito sinistro. Gente perdendo a linha, as estribeiras e os amigos. Agressões de vários tipos e o pior, no meu ponto de vista: completamente infundadas.
Falando sério, dá mesmo para defender a Dilma ou o Aécio?

São dois macacos velhos na política, pertencentes a dois partidos macacos velhos, que, infelizmente se revezam no poder. Todos corruptos, todos loucos pelo poder a qualquer custo. Históricos comprovados pela própria história. 
Nós brasileiros devemos ao FHC o plano real. Foi ele sim, dentro do PSDB que nos devolveu dignidade, controlou a inflação e nos (classe média) permitiu comer carne. Quem (que tenha mais de 30 anos) não se lembra dos pais recebendo o salário e indo imediatamente ao supermercado, fazer compras com 2, 3 carrinhos cheios, porque no DIA SEGUINTE já estava tudo custando O DOBRO. E de não ter leite e poder comprar apenas um litro dia sim, dia não, ou passar semanas comendo apenas frango porque não tinha carne? Peixe nem se fala. Artigo de luxo. Eu tinha apenas 10 anos e me lembro desta conversa na mesa do almoço após a aula: - Mãe, frango de novo?? Não aguento mais. Deixando minha sobrecoxa de lado e comendo apenas arroz e feijão. E os olhos da minha mãe marejando ao ver uma criança fazendo um comentário desse tipo sobre comida.
São 20 anos de plano Real. Os oito primeiros (do PSDB) foram cruciais para se estabelecer uma nova economia. Estabelecer mesmo, portanto qualquer (QUALQUER!) governo que viesse depois desse desfrutaria de estabilidade econômica e poderia pensar em alavancar outras áreas. O PT se deu bem, pois pegou um país equilibrado e mais forte. Nunca antes na história desse país, havia condições de levar outros assuntos, que não fosse só a inflação, adiante.
Aí, normal, vieram todos os problemas, anexos a qualquer poder perpetuado. Corrupção e todas as outras questões que fortalecem nosso estômago (quase um abdominal não vomitar com as notícias), mas enfraquecem nossa mente. Então votemos no Lula em 2001. Precisávamos de mudança. Tanto quanto precisamos agora. Esperança, igualdade, liberdade, viva os trabalhadores desse país, chega de domínio das elites! Até a explosão da notícia do mensalão. Eu não sei vocês, mas eu me senti extremamente traída. Lembro que pensei muito na minha mãe – falecida em 2001 –  que era fã ardilosa do Lula e que pelo menos não teve que viver esse desgosto.
“Se você pegar o mais ardente dos revolucionários e der poder absoluto a ele, dentro de um ano ele será pior do que o próprio czar.” (Bakunin 1814-1876).
Pois é, Sr. Bakunin, o senhor disse isso nos idos de 1800. Veja só!
E voltando aos 20 anos do plano Real, noves fora zero, menos oito do FHC, são 12 com o PT no poder. Também já deu, não?  Todas as quadrilhas estão articuladas, prontas e funcionando a mil. Sabemos de algumas, da maioria aposto que não. Só o que está acontecendo com a Petrobras - e pós prisão da cúpula do mensalão - já seria motivo de sobra para que o PT deixe o governo. Por que o Lula foge tão desesperadamente, há sete meses, do depoimento à Polícia Federal? E os amiguinhos da nossa presidenta? São 12 anos estreitando laços com Los Castros, Chavez, Maduros, Kirchners e afins. É preciso desconstruir estas relações, veja como estão estes países! Super bem, né? Só que não.
“Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão”. Eça de Queiróz
Na Suíça, o presidente governa por um (UM!) ano apenas e é proibida a reeleição. Por que será que eles estão ANOS LUZ à nossa frente em questões de desenvolvimento?
Eu vejo assim. Não sou PSDB, embora seja fã do FHC. Não gosto do Aécio. Acho ele um playboyzinho safado, preparado desde o berço de ouro para o papel sendo desempenhado agora. E acho igualmente absurdo as pessoas defendendo com garras e dentes, porque ele não tem moral nenhuma mesmo. E é fato que quem o festeja são os adesivos das SUVs grandes e blindadas. É um candidato dos ricos, sim, mas a economia fraquejando é o pior indício do início do declínio de outras áreas. 
Portanto, deve-se desarticular as quadrilhas prontas, revolver a terra sob os mandantes, bagunçar o coreto dos poderosos.
E ser responsável por NOVA mudança em 2018, de preferência com uma terceira alternativa, excluindo estes dois partidos que estão se revezando na nossa história de desigualdade. O Brasil é um país rico. Temos condições plenas de nos desenvolver e ter uma vida digna, com educação, saúde e segurança. 
Há que se impedir a reeleição. Ponto final.
Quando e quem vai nos tirar o nariz de palhaço? Esse sim, vou defender, lutar e brigar.
Por hora, vou mandar um “acorda!” especial a toda essa guerrilha sendo travada, a quem fica escrevendo desaforos defendendo qualquer um desses dois aí.
Isso me preocupa muito mais do que quem vai ganhar a eleição. 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Somos o máximo!

Eu sempre quis fazer parte dessa turma. Ouvi uma delas dizendo.

Sim, nós somos muito legais. Havia uma época em que brincávamos muito com a expressão “modéstia à parte”. Era uma brincadeira ingênua, porque percebíamos o quão sortudas todas nós éramos em nos termos como amigas.

O que nos uniu sempre em primeiro lugar fora a diversão. E nestes momentos de descontração,  de riso frouxo ou coração apertado, acabávamos por ter conversas mais profundas e percebíamos logo a empatia que nos unia. Estilo de vida, coisas que nos norteiam e o modo de conduzir o que acreditamos.

Isso fora se espalhando, conforme uma nova amiga era apresentada a outra. E outra a outra. E a cadeia foi crescendo, ganhando adeptas, quebrando barreiras e ciclos. Fulana era amiga da Ciclana, agora é minha também. Os telefones sendo passados e cruzados, ultrapassando a ponte de apresentação entre uma e outra. Até alguém nem se lembrar como se aproximou e passou a fazer parte da vida da outra.

A distância muitas vezes reivindica seu espaço, porém apesar de simplesmente existir (distância significa espaço, às vezes simples mudança de bairro, às vezes de cidade e às vezes de país), nunca se apodera do sentimento que reina nestes relacionamentos sinceros. Nada em troca que não seja simplesmente o mesmo. E o mesmo sincero.

A amizade predomina sempre. Nem aquela que se foi tragicamente e mesmo com sua partida precoce não deixou de unir as que sobraram. Porque a vida é dos que sobram, diz o poeta. E nós que sobramos continuamos nos unindo e nos prestigiando. E consequentemente a ela.

Assim como toda paixão, a amizade necessita de dedicação. Mas não de pressão. Às vezes não é fácil regar esta florzinha. Às vezes nos falta tempo. Às vezes nos falta dinheiro. Às vezes nos falta saco. E tudo isso é normal. Só não é normal a 'preguiça, que é pior que a depressão.'

As paixões em comum, as dedicações em comum e o respeito ao incomum. E a vida fica mais leve para todo o resto.

Agora não estou chorando mesmo, mas agora mesmo estava. E de novo, elas sabem exatamente do que estou falando. 

E como "ter" amigos significa "ser" amigo, se você está lendo isso, sinta-se incluído. Está a um passo de admitir: 
- Modéstia à parte, eu também sou muito legal mesmo.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Minhas melhores palavras

Bem num momento de palavras, do discurso e sua eficácia, filosofia da linguagem, suas virtudes e refutações: o aniversário.
Era momento de buscar autores, criar novos conceitos, estudar a linguística. Veio a pragmática e destruiu o pouco de poesia que me restava.
Não é possível mesmo dizer o mundo. Toda palavra é excesso. Palavras são objetos magros, incapazes de conter o mundo, dizia o poeta. Mesmo assim, deixamo-nos iludir.
Não é possível mesmo desvendar o sentimento e traduzi-lo em palavras.
Nem com as mais de 350 mil unidades lexicais da Língua Portuguesa.
Nem com as centenas de desejos felizes dos meus amigos.
A palavra é concreta. Todo o resto, não.
Adormeci mergulhada no mundo das palavras e acordei sem saber usá-las. 
Não basta dizer obrigada.
Então não direi. 
Continuarei trilhando minhas montanhas, buscando as minhas verdades, acreditando no que me faz bem viver e vivendo da maneira que acredito.
E sempre quando um novo ciclo se completar e novamente essa alegria abocanhar a minha oratória e limitar minha retórica, saberei que pelo menos a minha dialética com o mundo está sendo resolvida a contento.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Ouro de tolo

Ia chamar a postagem de algo a ver com marketing. Mas é mais do que isso. É ouro de tolo mesmo, falsa alquimia para enganar e vender o que não se precisa comprar.
E esse tal marketing, que parece de fácil entendimento, pode ser necessário e interessante, mas também tem um quê de perigoso. Aliás, eu poderia dizer que é muito perigoso.
Em primeiro lugar, em uma das primeiras definições que tive na especialização, chamou-me a atenção uma citação específica: "Marketing não se trata de verdade, mas de ponto de vista." E se não tivermos discernimento é que pode ser perigoso. Ele vende. A gente compra. Vou falar mais disso em outra oportunidade.
A Copa já acabou, mas esse assunto não me saiu da cabeça. O que os alemães fizeram aqui foi marketing. Puro e absoluto. Não foi "fofice aguda" ou uma descarga de solidariedade com o querido e necessitado povo brasileiro. Foi marketing. E nós, brasileiros carentes e facinhos, caímos direitinho.
Eles não foram ao interior da Bahia porque Santa Cruz de Cabrália precisava de dinheiro e apoio. Eles escolheram a dedo um lugar tranquilo e longe dos holofotes para treinar, concentrar e ficar em paz. Depois se deram bem com o povo local (quem não se dá bem com os baianos?) e relaxaram bonito. Mas estudaram. Fizeram pesquisas, planilhas e relatórios, pensaram em cada detalhe fria e "calculisticamente". Entenderam como o Brasil funcionava e a partir daí - como bons cumpridores de deveres - fizeram tudo direitinho. A camisa "Flalemanha" é o exemplo pronto. Conquistaram a maior torcida do Brasil. Tinha gente dizendo que torcia para eles e não para a nossa seleção. Marketing lindo. A construção do local do CT foi vendida magnificamente como filantropia coisa e tal e se tratava apenas de mais um empreendimento imobiliário. Interesses financeiros, políticos e futebolísticos. Não. Os alemães não são fofos. Eles são os mesmos alemães frios, calculistas e inteligentes de sempre. O que mudou foi apenas o futebol, este sim encantou o mundo. Mas eles não são fofos e queridos. Bastou a seleção alemã desembarcar em solo próprio e a primeira coisa que eles fizeram foi relaxar e gozar da nossa cara e dos nossos hermanos. Desculpe se desfiz a sua ilusão.
Por falar nos hermanos, não se trata de marketing direto, mas o que a mídia fez pode-se dizer que continuou sendo uma propaganda. Negativa desde sempre. Faz questão de ratificar com muita lenha na fogueira o ódio com os Argentinos. E é a mídia brasileira, porque isso tem muito menor impacto na Argentina. De torcedor ignorante e desrespeitoso estamos cheios. Vide o último jogo entre Vasco e Atlético Parananense ano passado. Vide aquele entre Fluminense e Coritiba, onde os "coxa" destruíram seu próprio estádio. Não são os curitibanos o povo mais educado do Brasil? Por que então estamos SEMPRE nas manchetes de violência do futebol? E eu posso falar.
Novamente o povo cai direitinho, reforçando esse ódio ridículo (qualquer pregação ao ódio é repugnante). Deixa eles falarem que o Maradona és más grande que Pelé. Só eles acham isso.  No mais, torci mesmo pra Argentina porque é futebol, não é prêmio Nobel, politíca ou bolsa de mestrado. E futebol é ginga, é talento, é jeitinho sim. Temos paixão, rebolado. Aprendamos com o futebol Europeu. Mas que nunca percamos o nosso jeito sulamericano da catimba, da finta e das pedaladas.
Finalmente, convem lembrar que é válido ficar sempre de olho no que realmente devemos acreditar, qual produto ou briga comprar. Marketing é encantador. Assim como a serpente.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Sobre a Copa no Brasil

Assim como em outras, que nem foram aqui, sempre me manifestei sobre o que estava ocorrendo, afinal minhas lembranças da Copa do Mundo sempre foram boas.
Ao contrário do que vejo muita gente falando, quando o Brasil ganhou para sediar a Copa, eu até gostei. Gostei porque adoro futebol e realmente acreditei que alguma coisa mudaria. Hoje as pessoas falam que o povo deveria ter protestado naquela época e não às vésperas da Copa, mas se ainda tínhamos esperança, protestar para quê? A Copa seria um indício de crescimento, desenvolvimento, melhorias. Não dava para prever tamanha corrupção. Claro, não sejamos ingênuos, sabíamos que haveria, mas não todo esse absurdo que estamos presenciando aí. Mas então também não celebremos nossa memória curta.
A minha revolta começou quando percebemos que NADA do que fora outrora prometido saíra do papel. Somente os estádios. Nem o metrô até a Barra, nem o Galeão, para comentar os básicos. Os custos dos estádios foram todos superfaturados. Como assim? Ninguém é capaz de prever realmente algum custo? Claro que sim, mas a corrupção aproveita os momentos de bobeira da população e dá desculpas grossas e absurdas. Entubemos.
Está tendo copa e está sendo sensacional.
Consegui comprar ingresso para ver Espanha e Chile, a princípio pela data, sem ainda saber que veria este jogaço. Quando recebi os ingressos, cheguei a ensaiar um dilema: participar da roubalheira, e ainda pagando caro para isso? Participei. Fui egoísta o bastante para realizar meu sonho de infância. Só quem viu a Copa de 82 e depois a de 86 sabe bem do que estou falando. Só quem não tem mais pai ou mãe ou alguma pessoa querida que amava Copa do mundo sabe do que estou falando. Minha mãe era muito animada e adorava as festas da Copa. Quando o Brasil ganhava um jogo, ela colocava a gente no carro e saíamos dar uma volta pela Marechal até a Batel, só para buzinar e acenar para as pessoas. E isso era incrível para uma criança. Diversão inocente e garantida. Meu primeiro sonho era ver o Brasil campeão, realizado finalmente em 94. Chorei muito. Era um grito que estava preso por três Copas anteriores. Foi demais.
E então resolvi aproveitar o meu momento Copa do Mundo. E ainda por cima no Maracanã. "Fala sério, pai! Tô aqui!" Adorei o jogo, a organização. Pensei até em participar ainda mais, levando um cartaz para o gato do Piquet: "I'm crazy but you like it!"
E agora sigo torcendo para que o Brasil seja campeão. E aí ouvi gente dizendo que o Brasil não pode ganhar, porque aí  não vai ser legal. A Dilma vai ser reeleita etc e tal. Oi? A roubalheira já foi feita, a Copa já é um sucesso e agora o problema será se o Brasil ganhar? O Brasil tem mais é que ganhar sim, dar o hexa de presente para o seu povo sofrido, como um trunfo após tudo que não conquistamos com a Copa. E o povo brasileiro é um show à parte, merece o prêmio sim.
Agora quanto às Olimpíadas... só no Rio... sei não... mas aí é outra história. Deixemos mais para frente. Uma coisa de cada vez. Um degrau de cada vez, como disse Felipão. 
Agora vou terminar o meu trabalho porque amanhã é feriado integral no Rio, por causa do jogo no Maraca (França x Alemanha sensacional!) e ainda por cima tem jogo do Brasil (x Colômbia)!!
Tem como não amar Copa do Mundo no seu país?

sábado, 17 de maio de 2014

Mea culpa

Não temos segurança. Não temos saúde. Não temos educação. Mas temos culpa.
Você se pega cada vez mais brigando pela sua sanidade mental, atormentado pelas injustiças presenciadas, narradas e lidas a cada dia seja do Rio, do Brasil ou do Mundo. Ou pela rotina estressante, que no momento até lhe serve financeiramente e com certa qualidade de vida, mas está longe de ser uma satisfação pessoal. 
A vida é dura. Isso todo mundo sabe. E injusta.
Não, não é possível conseguir se conformar, fechar-se na sua bolha e continuar a existência, sorrindo e fingindo que não é comigo.
Fui eu que fiz as escolhas. A culpa é toda minha!
Eu sou culpada porque elegi os atuais governantes (o povo e eu sou o povo, apesar de me orgulhar em dizer que não votei nem na Dilma, nem no Cabral nem no Paes, mas mesmo assim a maioria elegeu por mim, então toma!).
Eu sou culpada porque não tenho paciência para repetir pela quarta vez a mesma explicação simples, cuja competência de tal interlocutor deveria bastar para que entendesse na primeira. Mas se não entendeu, a culpa é minha.
Eu sou culpada porque acabo repetindo a minha falta de paciência com outras pessoas ignorantes, que dificultam uma simples rotina e o fato de eu reclamar pelos meus direitos dificulta esses mesmos direitos, porque a cabeça do ser-humano se limita a achismos e deduções próprias, independentemente da lei e de qualquer senso comum. (Bom senso ajudaria). 
Eu sou culpada porque dirijo no caos do trânsito carioca e o egoísmo imperante em cada cabeça motorista impede a simples fluência em vias desgastadas ou itinerantes.
Eu sou culpada se houve tiroteio na frente da minha casa numa sexta-feira às 9 horas da noite, porque fui eu que escolhi morar no Rio.
Eu serei culpada se um dia for estuprada, indo à padaria de short e top, num calor de 50 graus no Rio de Janeiro, afinal se estou mostrando meu corpo é porque eu quero que me estuprem. Claro, como não pensei e me culpei por isso antes?
E para completar, sou culpada pela desorganização da Copa do Mundo, porque segundo a Fifa, o brasileiro não gosta de trabalhar.
Vou ali me confessar e já volto.



quarta-feira, 2 de abril de 2014

A rede social

Realmente.
Espetacularização de alta visibilidade
simulacros deturpando a verdade
do próprio umbigo lipoaspirado
mas o que esvazia é a mente
Cansei.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Feliz ano novo

Segunda-feira pós-Carnaval. Começa o ano para os Brasileiros. Acabou o verão (?), o Carnaval e agora é focar e assumir o dia-a-dia e seus planos. Animemo-nos.
Segunda-feira. Pós-Carnaval. Acordo um pouco mais tarde para amenizar o sofrimento. Faz sol e o dia está lindo. Penso nisso e me animo a ir trabalhar, me organizar e render. Mas saio do banho já pingando. O verão não acabou e o calor está bem longe de acabar.
Respiro fundo. Não posso perder o bom-humor, trabalhado a ferro e fogo durante o descanso da semana passada.
Desço e há, na minha rua, dois caminhões, um de cada lado, parados em fila dupla, a uma distância de uns 10 metros um do outro. Caos total, não há como atravessar a rua para que eu possa seguir ao metrô. 
Respiro fundo. O dia está lindo.
Fico parada esperando sob o sol de rachar, quando passa um ônibus do BRS1, ou seja, com as mudanças do centro, este para a uma quadra do meu escritório. Penso: que bom! Já que não consigo atravessar a rua, então vou de ônibus. É só entrar para me arrepender amargamente. O ônibus parece uma sauna dentro de um carro de F1. 
Respiro fundo. Pelo menos vou descer perto.
De repente, no meio da avenida Rio Branco, os passageiros começam a gritar freneticamente. O motorista não parou no ponto deles e após muito protesto, ele para entre o ponto deles e o meu. Eu desço, pois faltando apenas duas quadras para o meu, se ele não parar de novo não vai ser muito legal. É quase uma hora da tarde no centro do Rio de Janeiro. Todas as pessoas sem noção do mundo estão em horário de almoço e gastando esse tempo numa caminhada agradável (?) pelo centro. 
Respiro fundo. Dois (milhões) corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Não consigo andar. As pessoas não deixam. Congestionamento total de pedestres. O ano começou.
Respiro fundo e mando todo mundo à merda.
Feliz ano novo!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Viagens, amores e saíras-sete-cores

Meus últimos post, 'pelamor!', têm sido mais baixo astral do que o vilão da Super Xuxa. 
Já comentei aqui antes que o mau-humor me inspira, que a tristeza me torna mais criativa. Assim o eram Renato Russo e Cazuza, meus poetas preferidos.
E é verdade.
No entanto, no exercício diário de aceitar nossas alegrias e tristezas do dia-a-dia, resolvi escrever sobre as minhas viagens de 2013, para levantar um pouco o astral das fases, deixar mais próxima da beleza da "Lia Cheia", do que da ausência da "Lia Nova".

Chapada Diamantina - BA

(1) 2013 começou incrível, na natureza bela e remota da Chapada Diamantina. Lugar incrível, de natureza imponente, com rios e cachoeiras maravilhosos, tudo que a gente precisa para repor as energias e trocar de ano. Foi demais, e começamos com o pé direito.


(2) Depois em Março fui a Curitiba, no aniversário do meu pai. Festinha inesquecível! Amo estar perto dos meus amigos! E mais ainda, amo passear pela minha cidade, olhando-a com olhos diferentes dos que tinha, nos 30 anos que vivi lá.


Karl-Valentim Musaum: "A arte
é bela, mas dá trabalho." Munique

(3) Nesta altura eu já estava participando do start-up de um projeto da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. O pontapé inicial seria visitar três institutos de pesquisa europeus, renomados em seus segmentos. Desafio aceito. No final de abril, parti para Munique, Paris e Londres. Uma semana de correria e reuniões. Mas recheada com passeios, necessários ao chegar num país novo e diferente. 'A gente dorme no Brasil!' pensávamos, sem conseguir pregar o olho às 3 da manhã, no auge do jetlag de 5 horas! Adorei a Alemanha e os alemães. Gastei meu francês, língua que não falo, pois fui praticamente a guia em Paris, já tendo estado lá antes. Assim como em Londres, que já conhecia, portanto me fartei com o poder de não se sentir perdido em um outro país. Londres te absorve, te aceita. Aos olhos vistos, ninguém é estrangeiro lá. Todo mundo deve ir a Londres uma vez na vida.

(4) E então, conversando com minha amiga, recebemos um convite querido para visitá-la em Brasília, no feriado de Corpus Christi. Ou melhor, Pirenópolis. Mais uma viagem incrível. No meio do cerrado, cidade tranquila, pequena, lá no meio do Goiás, perdida no tempo, com sua comida deliciosa que provoca sensações. Sim, a comida do Goiás dá onda. E visitar amigos queridos também!


(5) Neste ponto, eu já estava inscrita - e treinando - para realizar o meu primeiro sonho de corredora: a meia Maratona de Curitiba. E para lá voltei no comecinho de Junho. Focada para a prova, novamente me deparei com meu olhar emocionado sobre um ângulo que nunca tinha visto a cidade. O de corredora. Percorrer os 21K da prova, circundando o centro da cidade onde vivi a minha vida toda foi uma emoção muito forte. Completar uma prova de 21K já tem um gosto muito especial. A adrenalina é garantida. E quando dobrei a esquina do MON - o Museu do Olho - e vi meu pai me esperando, sorrindo orgulhoso, foi demais. Recomendo correr e recomendo correr por todas as cidades que se quer conhecer.

P-62 em Suape-PE

(6) Ainda em Junho, passei uma semana em Porto de Galinhas-PE. A trabalho. Nem consegui ir a praia (mesmo), mas ainda assim, é muito gostoso acordar e ir dormir de frente para um mar lindo, como o de Pernambuco.


(7) Em Julho, logo no início, fui para FLIP, em Paraty. Paraty é linda! Com suas ruas de pedras no meio do caminho, casas antigas, mares por todos os lados, ainda recheada de gente charmosa, todas focadas no mesmo objetivo: literatura. E e a imaginação. Quer coisa mais inspiradora que isso? Para mim a FLIP é um fim de semana de imersão em inspiração.

Pico das Agulhas Negras - 2797m
(8) No fim de julho, teve a JMJ aqui no Rio e a cidade foi invadida pelos jovens com mochilas coloridas na frente do corpo. Porque atrás eles têm medo que roubem. E para dar lugar a eles e ao fofo do Papa Francisco, subimos a Serra e passamos dias sensacionais em Itatiaia, primeiro na casa de um amigo, na parte baixa do parque, em meio a árvores e muito espaço, invadido por sairinhas-sete-cores e esquilinhos desequilibrados. Foi a semana mais fria do ano no Brasil e nós acampamos na montanha do Pico das Agulhas Negras, lá em cima mesmo. Fomos dormir com o céu mais lindo do mundo sobre nossas cabeças e acordamos às 4 da manhã com o céu mais gelado do mundo sobre nossas cabeças. Acordamos de frio. E no dia seguinte, soubemos que fez -7 graus, bem ali, onde estávamos. Após esta noite gelada, ainda subimos o Pico mais alto do estado. Conquista e adrenalina garantidas! Mais um desafio vencido.

(9) No meu aniversário ainda voltei a Curitiba, tendo uma festinha inesquecível de comemoração com meus amigos queridos, necessários e absolutos.

(10) Em novembro fomos a Ilhéus. Casamento de uma prima do marido no feriadinho da República. Dias lindos sob o sol da Bahia. Festa maravilhosa, linda e alegre. Muito amor dos noivos e dos amigos! Mais uma viagem memorável neste ano findo.

(11) E para fechar o ano com chave de ouro, fomos terminá-lo na Suíça. Dia 31 de dezembro e a gente descendo de snowboard as montanhas suíças! Mais do que o prazer inenarrável de passar um réveillon diferente, ainda tivemos a sorte de ir visitar uma família linda! Uns amigos que conhecemos no Rio, quando eles moraram aqui. O que era para ser apenas turismo, se transformou em um laço de amizade e uma lição de vida, que levaremos para o nosso 2014 e para sempre. 

2013, no geral, foi um ano bom para mim, não posso reclamar. Muito trabalho, nem tanto dinheiro, um falecimento de amiga (o que pesa muito na contagem geral), tristezas. E consequentes inspirações para o blog. 

Mas tenho que reconhecer que foi o ano em que mais viajei. E como viajar não é pouco, sou grata e compartilho esse texto mais leve, cheio das viagens, amores e as saíras-sete-cores!




segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O país da copa

Ai gente, para variar, depois de alguns dias de retorno de férias, vem o efeito rebote,como escrevi aqui no ano passado. Mesmo período.
Mas este ano o efeito rebote veio com mais força, porque é inevitável comparar os países desenvolvidos visitados com o nosso. País de merda. É só o que eu consigo pensar voltando das férias na Suíça e Holanda.
Sempre rechacei comentários desse tipo, sempre tentando pensar positivo, no quanto o povo brasileiro é um povo amável, feliz e solidário. Porém nesse momento, nem a alegria espontânea dessa gente bronzeada supera a burrice, ignorância e falta de educação. Família Sarney há 50 anos no Maranhão é a prova mais contundente disso. O Estado está ferrado e continuam botando essa família lá. Lindberg, Crivella e Garotinho (ficha suja) aparecendo nas pesquisas é outra prova do que estou falando. Como pode?
Não adiantaram os protestos, manifestações e muito menos o quebra-quebra, que de certa fora até defendo, pois se não quebram tudo, os políticos riem na nossa cara e dizem: como é linda a manifestação popular! Sou contra a violência, tem que ser sem machucar ninguém, mas tem que quebrar tudo mesmo! A Dilma acaba de fazer uma parada em Lisboa e paga 27 mil reais em UMA noite no hotel mais caro de Lisboa. Tem que esperá-la no aeroporto e quebrar tudo mesmo! É MUITA cara-de-pau!
Voltei de férias revoltada. Por que é tão difícil fazer as coisas funcionarem? Por que não começam de uma vez a fazer o nosso imposto voltar? Por que que tem que continuar morrendo gente para se tomar a primeira atitude? Um ano (hoje) da tragédia mais absurda que houve ultimamente, que foi a de Santa Maria, com 242 jovens mortos, e nada mudou. Nada. Somente CINCO escolas de samba aqui do Rio tem galpão liberado e seguro para receber multidões. Cinco. De 25.
O governador desse estado aqui achou que havia mandado os traficantes embora e se gaba gloriosamente do sistema de segurança pública. Onde? Em oito anos que moro aqui, nunca me senti tão insegura! Os números  no estado só crescem: de homicídios dolosos subiu 38% de 2012 para 2013. Roubo nas ruas, então, subiu 37%, número muito inferior ao real, porque a maioria das pessoas já nem presta queixa. Não adianta, nada acontece.
Depois de pós-graduada, nunca me senti tão insegura em relação a emprego. E agora ainda falo espanhol!
Desilusão. Desesperança. E esse país só vai mudar em 200-500 anos, depois de alguma guerra horrível que assole todo mundo e aí realmente possamos aprender alguma coisa. 
No momento, só consigo pensar que essas eleições de 2014 só vão servir para comprovar tudo que eu escrevo acima. E que todos nós já sabemos.
Pena que nós, meus leitores desse blog e eu, sejamos minoria nesse país de bolsas-cala-a-boca. Então, enquanto isso, procuro a minha, mas no exterior. E para estudar, me desenvolver e, passando o frio das gentes europeias, finalmente possa sentir saudade da nossa gente bronzeada, e assim voltar a dar-nos o nosso devido valor.