terça-feira, 15 de outubro de 2013

#souprofessor

Mas não exerço.
Lembro que, quando minha mãe conseguiu mudar a gente de escola, de uma pública para uma particular, ela nos instruiu para escolhermos um curso técnico - não podíamos fazer o segundo grau básico - tinha que ser técnico, pois caso não conseguíssemos fazer faculdade, assim como eles, nós já teríamos uma profissão. Escolhi magistério. Adorava brincar de escolinha, escrever, ensinar, falar inglês. "Quero ser professora de inglês, que nem o Teacher." Saudades do Teacher. Foi meu primeiro amor platônico por um professor e ele realmente era lindo!
Em 1987, na sexta série, fui para o Sagrado, eu queria fazer Letras, e lá concluí o magistério em 1992 com muito louvor e menções honrosas. Virando a esquina do curso, entretanto, mudei para biologia. Eu podia me ver ensinando e pesquisando. Porém com as dificuldades da vida de meus pais, vieram as retaliações. "Filha, vai ser professora? Tem certeza? Olha como é difícil, como não muda nada, professor é miserável, trabalha muito, ganha pouco, tem muita responsabilidade, etc etc...faz biologia não, se gosta tanto dessa área, faz medicina". Lembro que meu terceiro ano do magistério foi a maior correria da vida. Escola pela manhã, estágio de magistério três vezes por semana à tarde, e para completar a minha indecisão, resolvi fazer um curso de instrumentação cirúrgica à noite, duas vezes por semana e mais estágio deste curso, à tarde, também duas vezes por semana. Eu queria vivenciar a rotina de um hospital. E me coloquei entre a cruz e a espada. No caminho para fazer as duas coisas que achava que poderia ser. Professora ou médica.
É claro que eu não passei no vestibular em medicina. Recém concluído um curso de magistério, não havia base para levantar meu score na Federal (UFPR). Porém, com esse mesmo score, eu teria passado (e bem!) tanto em Letras, quanto em Biologia. Lamentos à parte, sem faculdade, fui procurar emprego. 
Nas minhas duas primeiras entrevistas de trabalho, fui contratada. Para ambos. Um era para professor de Inglês em um cursinho no centro de Curitiba. O outro, para assistente administrativo numa empresa de importação de veículos. Adivinhe qual foi minha opção? Era 1993 e o governo Collor havia aberto todas as fronteiras para o comércio exterior no Brasil. Área fascinante, salário melhor. Passado o ano de trabalho + cursinho, prestei vestibular novamente. Para Comércio Exterior.  
Resumindo, fiz minha carreira toda até hoje em comércio internacional. E não me arrependo. Tive experiência incríveis, ultrapassei fronteiras, falei até com o Sri-Lanka (!!) pelo telefone, viajei muito a trabalho (e essa parte eu adoro!). Mas sentia que deveria voltar para uma vocação que sempre me acompanhou. E então, em 2004 prestei vestibular para Letras Português/Inglês. Casei, me mudei pro Rio e me formei em 2009. Amei o curso e amo ter a possibilidade de (re)ingressar nessa carreira difícil e bela.
Eu aproveitei e ainda aproveito minha vida de executiva, aprendi muitas coisas, ampliei meus horizontes, entendi o mundo dos negócios. Mas ainda penso em retomar o caminho e me dedicar a reconstruir um mundo melhor. Porque esta é a principal função do professor. Formar pessoas melhores.
E este depoimento tem somente a função de ilustrar esta certa frustração de não ter optado por esta carreira importantíssima, pelos simples fato de que ela é menosprezada por um país ignorante, que quer crescer, tem dinheiro e condições, mas tem medo de fazer seu cidadão ser cidadão. Tem medo de investir numa educação que possa realmente TRANSFORMAR. 
Minha culpa? Certamente, a vida é feita de escolhas. Porém, levar bombas de borracha e gás de pimenta na cara realmente não seria o que minha mãe sonhou para mim. E jamais o que um país sério teria sonhado para seus educadores.
20 anos depois, retomo a luta e continuo  na esperança de ainda poder exercer, com dignidade, respeito e salário justo.
Feliz dia do professor! 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A resposta do sonho


Minha querida amiga, sinta-se desculpada, embora você não precise pedir desculpas. Sou eu quem tem que se desculpar e pedir seu perdão.

Desculpe-me por ter ficado zangada com a ignorância e falta de tolerância da sua mãe, totalmente equivocada em relação à nossa amizade. Perdão por não ter insistido nela e ter me calado perante essa situação. Me afastei de você e perdi grande parte da tua história de vida.

Desculpe-me por não ter me dedicado às minhas aulas de guitarra. A sua voz doce e rouca era nata, o meu jeito com as cordas é que nunca teve muito progresso. Como poderia estar nossa banda, a Medula Óssea, se a tivéssemos levado um pouco mais a sério? Claro que nunca saberemos, mas saiba que me orgulho muito da nossa brincadeira, tentativa ingênua de colocar música em nossas vozes adolescentes inquietas.

Desculpe-me por não ter insistido para que você ficasse mais tempo naquele último dia em que nos vimos, na minha última visita a Curitiba, quando você foi embora, furiosa com a multa que a periquita-mal-amada te deu. Desculpe-me por não ter oferecido minha carteira de habilitação, para que você não perdesse a sua. Obrigada por ter ido se despedir de mim.

Desculpe-me por não dar atenção aos seus apelos poéticos, reflexos da sua dor, expostos claramente em sua publicações e por te julgar, em silêncio, por esta demasiada exposição, pedido claro de socorro pelo teu sofrimento.

Desculpe-me por não te socorrer, não te dar o apoio necessário para que você não tomasse essa medida extrema para se ver livre dessa dor dilacerante que é a depressão. Desculpe não estar com você em todos estes momentos.

Se hoje eu choro pela tua falta, minha amiga, é porque você foi muito importante para mim e certamente me influenciou no que sou hoje. Choro mais por imaginar o tamanho da tua dor e lamento não ter podido te ajudar. Não precisa se desculpar, vou superar e nunca, jamais colocarei você naquela nossa "shitlist".

Espero que fique em paz, descanse em paz, encontre finalmente a paz que você não encontrou por aqui.


Sua voz quando ela canta
me lembra um pássaro.
Mas não um pássaro cantando,
lembra um pássaro voando.
Ferreira Gullar

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sua nova amiga, depressão

Virando a última esquina dos 30, batendo nos 40, eis que aprendemos a conviver com uma nova amiga, a depressão.
Não sei se é a vida moderna, mas acho que não. Lembro da minha mãe, por volta da minha idade, questionando a vida e suas dificuldades.
Então pode ser genético. Também acho que não. Muitas amigas se abrem, com as mesmas sensações, não necessariamente havendo casos constatados na família.
Então penso que é assim mesmo. As mulheres são naturalmente mais questionadoras e mais sensíveis. Já existem os hormônios infernizando nossa vida, principalmente com esta idade, já que nossa vida útil, enquanto mulher, está chegando ao fim. Se pensamos demais o sentido de tudo, chegamos à conclusão que não há sentido para tudo e nos deprimimos.
Tenho uma imensidão de posts no blog que remetem a este assunto. Andei tomando uns "tarja-preta" aí, há uns dois anos. Me ajudou a clarear a mente e parar de racionalizar tudo.
Mas continuo, o post abaixo é uma prova das recentes descobertas da minha razão, mesmo eu ainda lutando contra o que escrevi. Mudei minha forma de acreditar em Deus, mas não quero perder minha fé. Não quero. E essa luta também não é fácil. 
A depressão é uma coisa séria e chega com tudo nas mulheres da minha idade. A gente precisa tentar desvencilhar os problemas reais dos imaginários, porque estes também existem. Normalmente se manifestam pela reação dos amigos, que pensam que é uma bobagem. Que temos tudo que precisamos e não temos motivos para deprimir. E talvez não tenhamos mesmo. Nenhum motivo além do desequilíbrio químico, quando nosso cérebro deixa de balancear as "inas" da nossa vida, causando um transtorno bem real aqui dentro. E aí você questiona tudo, não aceita nada. E passa a conviver com essa sua nova amiga, com os altos e baixos, que já fazem parte da sua vida. Procura ajuda. Ou não.
Então, você assume que está deprimida. Aí sua amiga se suicida.
E nada mais importa.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Losing my religion

A vinda do Papa para cá me trouxe ainda mais questões que, sozinha, já tinha.
Como é que pode uma pessoa que há três ou quatro meses nem era conhecida, de repente, ser elevada ao grau máximo de deus? Não deveria haver gradação para deus, porém, sabemos que as adorações, fantasiadas de fãs, existem e fazem absurdos. E cada um com seu deus.
Então, de repente, não mais que de repente, o seu Jorge vira O Cara. O Rio se transformou num caos, expulsou seus habitantes para dar lugar a milhões de pessoas frenéticas, querendo ver o novo representante de deus, porém eleito pelos homens, numa cerimônia para lá de duvidosa. E totalmente política.
Não dá pra confiar na Igreja Católica, é fato. É só ver a história e como ela foi manipulada por aqueles que se dizem continuadores do que foi pregado por Jesus Cristo. Se você se esforçar um pouquinho para entender, já começa desconfiando da pregação e termina não acreditando naquele seu Jorge ali.
Não dá pra confiar nos evangélicos. Tudo remete a pecado, tudo é proibido, menos o valores exorbitantes de dinheiro que eles pedem (e recebem) de seus fiéis, ignorantes, afoitos por palavras de consolo e esperança. "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço" é a máxima desses canalhas manipuladores de massa.
Não dá pra acreditar em Deus, da maneira como todas as religiões o colocam. Simplesmente não dá. Eu tentei. Fiz primeira comunhão, fui à missa todos os domingos, frequentei grupos de estudo bíblico de evangélicos, rezei. Rezei pela minha vida e pela sua. Até que aos poucos fui acordando para uma realidade muito mais dura do que a que eu já tinha, com as culpas do catolicismo. Deus está em mim. Apenas em mim. E a paz que eu procuro não está em templos, nem em discursos pré-concebidos por pessoas de interesse político. Perdi minha fé e peço perdão ao Deus em que eu não acredito mais.
Eu vou levar comigo tudo que aprendi em todas as minhas incursões religiosas. Mas rezar ao Pai Eterno, por compaixão e perdão por pecados que não cometi, entre outras coisas, nas quais somos levados a acreditar, não fazem mais parte da minha realidade.
E isso está sendo muito difícil. Traumático até, eu diria. Porque se a esperança da vida eterna se vai junto com a fé, qual o sentido de tudo? E se deparar com a realidade de que somos apenas animais povoando um planeta, enquanto não o destruímos, é realmente o fim de uma era. Mas tudo foi apenas um sonho.
Acho que aos 20 anos, você tem toda a esperança do mundo. Aos 30, você questiona tudo, busca todas  as respostas, mas encontra poucas. Nessa fase que eu me encontro.
Aos 40, acho que você se conforma, simplesmente aceita e vai viver a vida. E é a isso que dedico toda a minha fé.

domingo, 12 de maio de 2013

Mãezinha querida,

Já faz 12 anos que você partiu. Apesar de não nos vermos, nos falamos todos os dias, né? Nossa, mãe, tantas coisas aconteceram neste período... e eu sei que você sempre está comigo! Mas queria tanto que você tivesse conhecido o Bru, mãe! Estamos comemorando 10 anos juntos agora em Maio, tempão né? Aposto que você nunca imaginou que sua filha maluquinha ficaria tanto tempo assim com um pessoa... Mas você ia amar ele, mãe! Carioca lindo, inteligente, e ainda por cima cozinheiro!! Nossa, vocês iriam trocar várias receitas, tenho certeza que ambos aprenderiam muito um com outro! Você também ia amar a sogrete, mãe! Vocês são muito parecidas, sabe? Ela tem um amor incondicional pelos filhos e trata as noras como filhas dela também! Pelo menos, você sabe que estou em boas mãos né? E também depois de ter presenciado algumas mães bestas de ex-namorados, pode apostar que tirei a sorte grande! Lembra daquela louca, mãe, que bateu lá em casa do nada porque achou que eu e o filho dela estávamos nos drogando?? KKKK! Apesar do absurdo, hoje riríamos disso, quanta besteira... Também tenho certeza que você iria amar vir pro Rio de Janeiro sempre, para me visitar! Apesar do medo jacu que você tinha daqui, ele iria passar com o tempo, depois de ver que esta cidade é maravilhosa e eu estou morando muito bem, mãe! Pertinho do hotel onde vocês passaram a lua de mel! Lembra do Aterro do Flamengo? Pois é, moro aqui! Achei uma foto sua, linda, numa das passarelas aqui perto. Você está maravilhosa, radiante em sua lua de mel! Quem diria que trinta anos depois, eu moraria aqui, né, mãe? Nossa, são tantas coisas em 12 anos... Você ficaria muito orgulhosa de mim! Sabe que eu fiz Letras, né? Meu sonho de criança, quando você me perguntou o que eu queria ser quando crescesse, e então nos colocou no Sagrado, com  todas as suas economias e mais um pouco, para que a gente pudesse ter uma ótima preparação para vida! Funcionou, mãe! Depois ainda fiz uma pós-graduação numa das melhores escolas superiores aqui do Rio! Não sou professora (ainda) mas sou empresária e a novidade mais recente é que agora também trabalho pro Governo do Estado. Tenho certeza que você iria adorar esta novidade! Você também se foi antes de nossas viagens! Que pena, mãe, que eu não pude te levar pra conhecer Paris! Você iria amar Paris!! Eu já estive lá três vezes, acredita?? Nunca, em sonhos infantis, quando você nos ensinou a cantar "Frère Jacques", lembra? ou a contar até 10 em francês, eu achei que "frequentaria" Paris, veja como as coisas acontecem para quem corre atrás, mãe, e isso é mérito seu! Me ensinou tudo direitinho e eu acho que aprendi! Pena que eu não posso mais ouvir seus conselhos... Isso é uma das piores coisas da vida... Sabe, mãe, tem coisas que eu só contaria para você... ou seja, muitas coisas acontecem e não conto pra ninguém.  Porque ninguém nos entende assim, incondicionalmente, sem julgamentos, sabe? Mas eu só aprendi isso depois que você se foi. Às vezes me sinto um pouco perdida na vida, precisando dos SEUS conselhos. E então apenas reflito sobre como você agiria no meu lugar. O que você me diria ou faria. Mas não é a mesma coisa, mãe, tem coisas que só você diria e poderia dizer, sem barreiras, e sem papas na língua. Não é fácil, não, mãe, essa vida tá cada vez mais difícil e isso me faz entender um pouco o porquê de você ter ido tão cedo. É porque os bons morrem jovens, mãe, pra não terem que presenciar o absurdo que está esse mundo. Ficar velho está cada vez mais difícil e depois de tudo que você passou na sua curta vida, você realmente não merecia ver um monte de coisas horríveis que acontecem todos os dias. Você era boa demais, mãe, e tem muita gente que, apesar de não ser sua filha, sente demais a sua falta. Você ajudava todo mundo, tinha um coração maior que tudo. E às vezes a gente se desestabiliza com a sua ausência. Mas tudo bem, mãezinha, não fique preocupada, porque a vida é assim. Graças a Deus e a você, eu tenho uma família linda e que me apoia. Eu e a Liz somos super-irmãs-amigas, e o pai, apesar do jeitão desligado dele, está sempre com a gente e somos uma família bem feliz e unida, do jeito que você nos conduziu. Agora, mãe do céu, o dia das mães é realmente uma tortura, porque é quando sentimos a ausência nua e crua da sua figura, nos orientando e nos puxando a orelha. Aff, mãezinha, se seu pudesse voltar no tempo, voltaria só para ter a chance de abraçar e te beijar com mais força, antes daquela viagem de Carnaval, na última vez que eu te vi. Mas não deu, então hoje te escrevo simbolicamente, porque eu queria muito que você estivesse vivendo todas as coisas boas que eu vivo e, no meu egoísmo humano, ter o seu colo quando tudo dá errado. Pelo menos durante meus 25 anos de vida a seu lado, mãe, eu consegui entender e aprender a sua essência. E ela que me guia e me dá forças para enfrentar tudo. A saudade é forte, mãe, mas o seu amor é mais. E ele ecoa até hoje.



Feliz dia das mães!

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Frustrações - parte VII

Já escrevi sobre minha angústia em relação a ter que ser mãe e tal, e acabei lembrando, ou melhor veio à tona uma frustração relacionada ao tema. Nunca fui madrinha oficial. De nada nem ninguém. Nem de casamento, nem de batizado, nem de crisma.

É curioso porque tenho muitas amigas que eu considero "melhores".

Fazendo uma perspectiva, vejo que as circunstâncias também acabaram colaborando. Por exemplo, uma dela se casou cedo e quando se casou, estava morando em outra cidade. Nos distanciamos um pouco, por razões óbvias, e bem nesse momento, ela casou. Também não sei se teria sido diferente se ela continuasse a morar na mesma cidade que eu. Mas não sou madrinha dela. 

Depois, uma outra amiga se casou e esta eu tinha certeza que me convidaria. Participei de várias fases do namoro dos noivos, inclusive presenciei brigas, sérias e bobas, e as reconciliações. Mas agora não sei porque cargas d'água, lembro que nós brigamos nos meses que antecediam o casamento, acho que falei umas verdades para ela, talvez não devesse, afinal eram minhas essas verdades. Ou talvez devesse e ela acatou alguma coisa lá no fundo. Não sei. Só sei que não sou madrinha dela. Depois vi que havia um casal de padrinhos que eles conheceram bem depois de mim. Fiquei chateada,sim, claro, mas já passou. Eles são meu amigos do peito e eu quase que me considero uma madrinha. Mas não sou.

No casamento da minha irmã, quando ser madrinha seria uma coisa meio óbvia, acabou se tornando mais do que especial, porque ao invés do óbvio, traçamos uma linha paralela e "chocamos" a igreja. Primeiro porque todos me procuravam entre os padrinhos e não me achavam. Foi quando entrei, aos 26 anos, como daminha de honra, carregando as alianças. Foi lindo e eu amei. Mas, de novo, não fui madrinha. Também tudo bem, porque eu nem gostava muito do (ex)cunhado e eles já descasaram mesmo.

Outras ainda não casaram ou, como eu, apenas se juntaram. Até lembrei que sou madrinha extra-oficial de uma delas porque ajudei a juntar o casal.

Agora em relação a crianças, acho que nunca fui chamada pela mesma razão e que eu mesma penso sobre mim: não tenho muita paciência nem jeito com crianças. Não sou tia babona, nunca troquei uma fralda sequer e acho que é perceptível que nunca tomei conta de nenhum bebê na vida. Aí como confiar numa pessoa dessas? Eu entendo. Mas me sinto frustrada. Talvez se tivesse algum apoio do outro lado, eu parasse de achar que criança é um mini adulto convencido, manipulador e naturalmente egoísta. Começasse a achá-las simplesmente fofas. Mas ainda não aconteceu. E então, já que não quero ser mãe, acabei de decidir que quero ser madrinha. Quem me chamar vai se dar bem.

Fica a dica.

(Também aposto que tem muita gente que nunca foi daminha.)

terça-feira, 5 de março de 2013

Panaceia pernóstica ('explicit')


Para mim panaceia é palavrão. Isso ficou óbvia e propositalmente dúbio. É uma palavra estranha sim, mas quero dizer que palavrão é panaceia.

Sempre me cura falar palavrão. Ou pelo menos me acalma.

Quando estou folheando a porra do caderno de politica dO Globo, fico puta com as merdas que sou obrigada a ler. É tanta bosta, que falar isso em voz alta me faz bem. Artur Xexéo justificou numa excelente crônica dia desses, sobre o juiz filho da puta que disse que 15 mil por mês era pouco pra ele: só pode ser a porra do calor (o 'porra' foi por minha conta). Mas e quando está frio? As cagadas continuam acontecendo. Fora a notícia de hoje que o embaixador e sua jovem esposa morreram no incêndio de ontem, porque: 1. os bombeiros demoraram, 2. não tinha escada magirus, 3. não tinha água no hidrante. Vai se foder!!!!! É muita merda junta, nós estamos é fodidos e mal pagos.

Também me emputeço com as merdas que gente burra faz. Sei que as pessoas têm limitações tal, não tiveram as mesmas chances de estudar, ok, mas gente lesa merece tomar no cu. Cacete! É só pensar melhor antes de concluir a porra do raciocínio ou da ação! Ontem parei numa 'suqueria' da vida, no centro, havia 3 atendentes sem fazer merda nenhuma. Precisei repetir 3 vezes (uma para cada anta, porra!!) que queria um suco de abacaxi com hortelã. Puta que pariu, caralho, qual a dificuldade em um suco de abacaxi com hortelã?? É foda!

No dia que teve greve de ônibus aqui no Rio, e o povo pagando 25 reais para os ladrões picaretas das vans ou ficando em uma fila quilométrica. Pega a van, meu irmão, enfia no teu rabo e dá um cavalinho de pau, que eu vou ficar em casa! Não pago e não fico na fila nem fodendo!!

Vendo o último jogo do Mengão então, não me contive. Juiz filho de uma puta, lazarento, roubou tudo que podia e não devia para o Botafogo! Fora os jogadores que pareciam não saber o que fazer com a bola, e mandavam uma cagada atrás da outra! Jogaram bem a porra do campeonato todo, aí peidaram na primeira decisão, bem pro Botafogo.

Agora me diz se chamar o juiz (de direito e de futebol) de filho da puta, ou mandar o mundo se foder e tomar bem no meio do olho do seu cu não é bom pra caralho? É sem dúvida panaceia, se não a cura, o alívio imediato.

Tentei ser profunda mas acho que acabei sendo só pernóstica. Foda-se.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Carta aberta ao Facebook

Fiquei refletindo desde aquele dia que você me perguntou como eu estava me sentindo, Facebook, e eu respondi que me sentia lesada. Fiquei refletindo sobre as perguntas que você faz para as pessoas, sobre o que está acontecendo e sobre o que elas estão pensando.

Então, resolvi te responder, Facebook, mas aqui, de blog para Facebook, porque quando você está no seu território, é muito mais fácil, você aceita qualquer coisa que escrevem e tudo é passageiro. Quanto mais escrevem, mais se torna efêmero. E depois dizem que você tem direitos sobre o que postamos. Enfim, se você perguntou, eu vou te responder.

Somos, atualmente, sua maior população, Facebook. Mas você não sabe o que é ser brasileiro. Então, respondendo às suas perguntas sobre o que está acontecendo, está acontecendo uma vergonha internacional!! Na mesma semana em que perdemos mais de 200 jovens num acidente horrível e absurdo num emaranhado de corrupção, mais um corrupto ladrão e safado assume a presidência do nosso congresso nacional, com poderes quase que iguais ao da presidenta. É uma vergonha dupla, Facebook, porque o povo todo é contra e os políticos esfregam isso na nossa cara, alimentando o poder com gente de caráter duvidoso, que coloca seus desejos acima do povo, enquanto é pago para proteger este mesmo povo. Está acontecendo que a grande maioria das casas de diversão do nosso país não segue as normas de segurança e continua colocando em risco a vida de milhares de pessoas, só por causa de dinheiro!! A presidente Dilma chora, porque é mãe, mas na hora de se colocar como autoridade máxima do país, ela se omite a fim de tão somente defender os seus próprios interesses também, já pensando na perpetuação do seu poder.

Está acontecendo, Facebook, que há pastores pregando o ódio em nome de Deus, cobrando por isso e ficando milionários!! E como não bastasse, dentro de seu discurso perfeito e oratória impecável, conseguem o apoio de milhões de pessoas ignorantes e carentes de um mundo melhor!!

Leio o jornal e tenho vontade de chorar, Facebook, sabendo que minha cidade está abandonada, com projetos falsos de melhorias eleitoreiras, onde seis meses após "inaugurados" (não concluídos!!), já precisam de reparos de mais milhões. Para onde vai esse dinheiro, Facebook, que não ajuda a melhorar a vida das pessoas?? Você não é brasileiro, mas já deve ter ouvido falar no Maracanã, que está consumindo o dobro de dinheiro para ser reformado, quando deveria ter sido substituído e o dobro do tempo, comparado à sua construção em 1947. 1947, Facebook!!!! Você nem sabe o que é isso, pois você nem pensava em nascer e naquela época, com muito menos recursos, o estádio foi construído em menos tempo!! A explicação para isso é a corrupção, de novo ela.

Aí você me pergunta como estou me sentindo, Facebook? Estou me sentindo mal, muito mal. E impotente. Tenho vergonha dos políticos do meu país. Tenho vergonha da atitude de algumas pessoas em apoio ao pastor safado. Estou me sentido lesada por pagar uma fortuna de impostos só em Janeiro e saber que o meu dinheiro vai parar no bolso dessa corja e não retornará aos fins que mais precisamos. Não temos saúde, nem educação, nem segurança, Facebook!! Talvez por isso os brasileiros amem tanto esse mundo virtual que você nos proporciona, onde todo mundo é feliz, honesto e militante. 

Mas não basta, Facebook! A mudança tem que começar muito mais embaixo. Tem que começar na bituca de cigarro que não vai parar no chão. E terminar no voto certeiro, independente da troca imediata de favores. Temos um longo caminho pela frente, impossível de ser percorrido em sua timeline. Espero que você viva para ver sua maior população realmente melhor. 

Espero viver para isso também. E então poder te responder com sinceridade que estou me sentindo bem.



terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O efeito rebote

Tudo que sobe, desce. Tudo que vai volta. Ou para teorizarmos com mais propriedade, para toda ação existe uma reação.

Começamos a programar nosso retiro espiritual de reveillon em Agosto. Compramos passagem, reservamos a pousada. Começou então a primeira parte da viagem: a preparação. A expectativa de tirar férias, ir para um lugar onde o sinal dos celulares não é tão bom, não tem prédios, nem correria, é a glória para quem leva uma vida louca vida, numa das maiores cidades do Brasil.


Aí o momento quando você chega na pousada é uma excitação só. Quando acorda no primeiro dia e se depara com toda aquela natureza, aquele espaço giga te coloca em uma posição em que a gente não costuma se dar conta: a nossa reles insignificância. Somos pequenos, somos insetos num universo enorme. A Natureza não é mãe por acaso, ela é dona de tudo e nós somos apenas uma pequena parte dela. Perceber isso naqueles momentos dá uma sensação de libertação, pois percebemos que não é de nós apenas que depende o mundo. Não preciso me estressar porque isso ou aquilo não deu certo. Tudo vai continuar igual e tudo vai ser resolvido de uma forma ou de outra. O mundo vai continuar girando, queira o Banco Itaú /Net/Amil ou não. Da mesma forma que a tromba d'água vai cair, esteja você no meio do canyon ou não. A vida é frágil, imprevisível e substituível. O mundo não depende dessa ou daquela pessoa e perceber isso liberta das responsabilidades mais pentelhas, dos deveres mais cruéis e das rotinas mais maçantes da vida.

Estou curada. Objetivo alcançado, 10 dias de natureza operam milagres em virginianos fissurados.

Aí você volta pra realidade. O ônibus atrasa uma hora e você se descabela porque vai perder o avião. No primeiro dia de trabalho você não consegue fechar uma operação de câmbio porque seu gerente não existe mais e só ele (ghost) que pode autorizar (do além). Você pega um bebê fofo no colo porque ele é fofo e todos deduzem obviamente, só que não, que você TEM que parir. O apartamento de cima continua vazando, o BBB13 começou e todo aquele papo de libertação se esvai em uma semana de rotina, com mais força do que nunca.

É o efeito rebote. Você curtiu, agora acorde.