quinta-feira, 19 de março de 2009

Sobre karlas e zilás...


Eu já mencionei aqui (ou em outro lugar qualquer) sobre a massacrante cultura ocidental no que se refere à morte. A perda de pessoas queridas do convívio certamente não é uma exclusividade do ocidente, no entanto, a cultura milenar oriental já demonstrou que pode ajudar a superar essa trauma totalmente inevitável. Já diria o ditado que para todo o resto há soluções. Então, se inevitável é, preparados estejamos!

No entanto, graças ao costume antigo nosso de somente lamentar a perda de alguém, não é nada fácil agir racionalmente. Sabemos (?) que quem já foi chamado cumpriu sua missão, saiu desse mundo cruel e está em paz, bem melhor do que nós, que ficamos. Porém a dor da perda das pessoas que se vão cedo demais é tamanha, que passamos dias, meses, anos torturados pela ausência dessas pessoas queridas.

Poderia se assemelhar à perda de uma perna. Talvez, nunca perdi uma perna, mas perdi minha mãe e minha melhor amiga. E talvez eu preferisse perder as duas pernas e tê-las novamente ao meu lado. Sempre digo que somente as mães dizem coisas certas na hora certa. Não há substituição para isso e quando me encontro em momentos difíceis, sinto ainda mais essa dor profunda misturada à necessidade de desabafo com essa pessoa certa, que não está mais ao meu lado.

Poderia se assemelhar à perda da visão. Talvez, nunca experimentei a cegueira, mas deixar de ver as cores do mundo deve ser uma tristeza imensa. Mesmo assim, talvez eu preferisse ficar cega, mas continuar ouvindo os conselhos certos da minha mãe, ou as risadas histéricas e contagiantes da minha amiga.

Todas as perdas são difíceis. Lidar com elas é que é a lição. Encarar a falta das pessoas queridas em nossas vidas requer treino diário, respiração profunda e foco no que nos restou. Não há jeito, não há saída. O sol se põe, mas volta. Talvez seja uma espécie de consolo para mostrar que a vida continua. Pelo menos a nossa.


"A morte não é nada para nós,

pois, quando existimos, não existe a morte,

e quando existe a morte, não existimos mais."

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