segunda-feira, 23 de maio de 2016

Parasitas assassinos


“Só porque um parasita não é um urso, tigre ou algum outro grande predador, isso não significa que ele não pode ser tão mortal. Às vezes, as menores criaturas acabam por serem os maiores monstros.”

Começou com uma dor de cabeça meio estranha. Algo que comi, pensei. Estar na China há poucas semanas e achar que vai passar incólume a todas as adaptações também é demais né. Ok, descansa um pouquinho, dorme um pouquinho, já passa. Transforma-se numa febre baixa. Sensação de febre é horrível, mas já sem dor de cabeça. Parasitas assassinos!!

Bendito Novalgina, importado do Brasil. Dá um suador da gota, mas é eficaz.

Segundo dia, a febre volta. Estranho.

Terceiro dia, a febre volta. Só febre. Nenhuma dor. Nenhum sintoma, nem tosse, nem nariz escorrendo. Nada. O medo começa a tomar conta da pessoa ocidental. Parasitas assassinos!! Quem manda assistir tanto Discovery?

Quarto dia, febre volta com dor nas costas irradiando para o braço esquerdo. Infarto? Mas não dói o peito! Pneumonia química? Mas não dói de respirar? Nem tosse. E a febre aumenta. Quatro dias deitada, claro que dei um mau jeito.

Quinto dia. Febre e com ela a mente ignorante seguida pelo doutor Google, mas sem muitas referências. Parasitas assassinos!!

Sexto dia, desisto do Novalgina. Malditos parasitas assassinos, agora é nóis, no mano a mano! Quero ver quem ganha. E mando-lhe meus leucócitos com toda força do mundo. Passo uma noite do cão, mas acordo sem febre.
 
Venci, penso feliz e vou passear. Ando 6 km (que ideia!) e volto pra casa com febre, claro. Encaro de novo e venço de novo. Ainda não sei o que vai acontecer, hoje é o sétimo dia, mas quando ficamos doentes a mente fragilizada prega peças absurdas e na minha, abençoada por certa criatividade, diagnostiquei-me com tudo. Mas minha conclusão PhD é de que é apenas uma virose chinesa, causada por algum parasita, mas que não é assassino. Espero que seja gente boa, como a maioria dos chineses que conheci aqui.

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