quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Minha mãe já dizia...


Minha mãe costumava dizer que o que é combinado não é caro. Impressionante como isso é verdade. As pessoas fazem uma confusão na vida e esquecem às vezes que foi tratado antes, então pronto, acabou, não há mais porque discutir.
Ela também costumava dizer que o que é de gosto ‘arregala’ a vida. Bingo. Ás vezes uma coisa vale tanto a pena para nós que o custo x benefício é zero, pensando na positividade que vai trazer a outros aspectos da vida.
Ela também dizia que a contradição é um privilégio dos sinceros. De novo acertou. Não há nada demais em mudar de opinião, se contradizer. Raul também dizia que preferia ser uma metamorfose ambulante a ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Tem gente que não muda o discurso, apesar de mudar o que pensa. Para quê?
Entre outras milhões de coisas, havia as que ela acertava na hora. Parecia que ela tinha resposta para tudo. Pelo menos para tudo que fazia as filhas sofrer.
E agora minha mamãe coruja não está mais aqui, voou ao céu vai completar sete anos em fevereiro. E eu às vezes me perco nesse mundo sem respostas, mas cheio de perguntas. Cercado por coisas que nunca vivemos e de repente nos deparamos e temos que enfrentar. Não posso culpar o mundo, nem Deus nem muito menos minha mãe por ela ter ido embora tão cedo. Eu ainda não estava pronta para o mundo, embora achasse desde os 17 que já era dona do meu nariz. Não. A vida nos cerca de surpresas a cada momento que vai passando. Minha mãe não conheceu meu marido, nem conhecerá meus filhos – se um dia eu os tiver. Ela não teve a oportunidade de voltar ao Rio, depois de sua lua de mel em 1971. Ela não vai mais me aconselhar quando eu tiver uma crise no meu trabalho ou no meu relacionamento. Eu vou ter que me virar sozinha. Descobrir as respostas que eu não sei apenas recordando-me pela intuição dos ensinamentos que ela me deu. Das coisas concretas que formaram minha personalidade e meu caráter. Hoje eu sei que nem tudo que eu faço se orgulharia minha mãe, mas quando percebo isso, tento me redimir. Ao passo que em geral, acho que aprendi tudinho que ela me ensinou – ou quase tudo. Ninguém mais vê as coisas e fala das coisas como ela fazia.
Hoje ela estaria completando 58 anos. E esta é uma homenagem de um pedaço seu que luta para ter 50% da força que ela teve durante sua vida curta. E eu sei que vou conseguir, apesar de não ter mais os seus direcionamentos, eu ainda tenho o seu amor e essas lembranças que me ajudam a levantar a cabeça diante dessas perguntas que ninguém mais, além dela, sabe a resposta.

3 comentários:

Unknown disse...

Amiga, se for julgar pelas filhas.... a sua mãe é tudo de bom e mais um pouco!

Amém!

beijooooooos

Anônimo disse...

Amiga do céu!!!
Que lindo esse texto... fiquei emocionada. Td bem que pago pouco p/ isso, mas o texto fez valer.
Nada que se compare ao teu sentimento, mas com certeza aquela pessoa linda faz falta a muitos de nós. Foi um previlégio conhecer tua super mãe-zona.
E é um previlégio também ser amiga das filhas dela.
Ti amo...

Anônimo disse...

**hehe... versão corrigida, sonooo**
Amiga do céu!!!
Que lindo esse texto... fiquei emocionada. Td bem que pago pouco p/ isso, mas o texto fez valer.
Nada que se compare ao teu sentimento, mas com certeza aquela pessoa linda faz falta a muitos de nós. Foi um privilégio conhecer tua super mãe-zona.
E é um privilégio também ser amiga das filhas dela.
Ti amo...