segunda-feira, 12 de novembro de 2007

MR 11/11 - 10 ANOS - Um texto feminista

Neste curso de Letras que estou fazendo, tenho a oportunidade de 'reler' os grandes clássicos da literatura universal. É incrível que desde sempre, talvez pela própria evolução da posição da mulher na sociedade, o homem é retratado por ele mesmo muitas vezes sem escrúpulos, muito ou pouco, mas o suficiente para percebermos o amor incondicional da mulher, enquanto ser humano.
Otelo de Shakespeare mostra o homem no ápice de sua falta de caráter, quando Iago, o melhor amigo do cara faz de tudo para acabar com a vida dele, enchendo sua cabeça com mentiras e absurdos, mas se fazendo crer pela amizade acreditada do general.
José de Alencar, em Iracema escrito em meados do século XIX, traça o perfil do 'herói' branco com certa fraqueza, incerteza de que estava ou não fazendo a coisa certa. Apaixona-se por Iracema, no entanto vive na dúvida (e consequentemente enrolando a moça) entre seguir esse amor ou voltar ao seu mundo civilizado, onde havia sua mulher branca lhe esperando. Para quem não lembra, por conta dessa tristeza do sumiço temporário de Martin, Iracema morre no final da trama, após dar a luz a seu filho (claro, Martin FEZ um filho na virgem dos lábios de mel e 'vazou') Moacir - que significa filho do sofrimento.
Outro escritor que destaca a força da mulher e a inutilidade dos homens é um espanhol, homossexual, de nome Garcia Lorca. Em 'A Casa de Bernarda Alba', a personagem-título, viúva e mãe de cinco filhas, tenta - certamente de uma forma impositora - manter a dignidade das filhas, não encontrando em parte alguma de seu lugarejo, algum 'ganhão' que valha o ar que se respire. O único homem mencionado na história acaba com a honra e a vida forçadamente calma da família. Coincidência ou não, o homem é retratado por ele mesmo como dito esperto, porém dificilmente consegue ser o herói sem de alguma forma fazer a heroína sofrer.
Até mesmo Édipo Rei, inconscientemente, fez sua mulher (depois descoberta mãe) se suicidar. Dupla falta de vergonha na cara.
Enfim, até num cultural curso de Letras, deparo-me com a fraqueza e a covardia do sexo masculino, o que reforça mais uma vez a nossa posição de força e amor, dentro de uma relacionamento. Amemos, sempre. Mas lembremos dessas e de outras sempre também, para que nunca sejamos surpreendidas com uma reviravolta na cabeça de nossos amados, em prol de duas de vinte, de sua posição profissional inferior à nossa, ou até mesmo um jogo de futebol perdido (pois isso também vira a cabeça deles).
Porque qualquer caminho não intencional e suavemente desviado por eles, pode ser o motivo de uma fuga incompatível com a nossa mais profunda compreensão maternal.

* O Movimento Revolucionário 11/11 é um movimento feminista criado em 1994 na brincadeira, mas com o firme propósito de nos fazer aceitar melhor as covardias vividas pelas amigas, provocadas pelo sexo frágil. Aqui entenda-se MASCULINO.

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