terça-feira, 30 de outubro de 2007

Pensamento e transgressão

Desejos proibidos. Parece nome de novela. E até é. Mas eu estava ouvindo The Smiths, a banda do depressivo e provável suicida Morrisey e fiquei pensando que todos temos desejos proibidos. Somente alguns expressam de alguma forma. No caso dele em músicas:
Sweetness, sweetness I was only joking when I said I’d like to smash every teeth in your head…
Quem nunca teve vontade de dar uma boa surra em alguém, ou no ponto mais alto da raiva, que alguém morresse, sumisse da face da Terra, desaparecesse? As pessoas se policiam imediatamente após um pensamento como esse porque a moral assim manda. Não pode fazer isso, tudo bem, mas e pensar? Se deixar o pensamento solto vai comprometer suas atitudes enquanto cidadão, interne-se, porque o problema está além. Costumo dizer que a minha imaginação é foda, com o perdão do palavrão, porque eu costumo mentalizar as coisas involuntariamente. É algo mais rápido e mais forte do que eu. E se eu mentalizo meu ex-chefe, por exemplo, estilhaçado na calçada de Copacabana por conta de um quase suicídio (fato verídico) e sorrio, logo a moral bate na porta do meu cérebro e me diz: Não pense assim, ou você irá queimar no mármore do inferno. Em outras palavras, claro. Eu jamais empurraria o meu ex-chefe do 14.º andar. Mas se ele caísse por acaso ou por vontade própria, eu não teria nada a ver com isso e ele pararia de me encher para todo o sempre. Você está lendo isso e se horrorizando, mas pare e reflita sobre isso. Pensar não pode ser pecado. Desejar talvez. E como as coisas acontecem ao seu tempo, pelo menos ele hoje é meu EX-chefe e eu não preciso mais me preocupar com pensamentos antimoralistas sobre um possível desaparecimento dele. Mas quis o destino que ele fosse demitido (não era só eu que pensava essas coisas!!!) e nós (ele e eu) nos livramos dos meus pensamentos proibidos.
Sexo é outro tabu. Quem não pensa muito em sexo. De várias formas. Todo mundo pensa e acaba se policiando novamente por causa da moral. O que há de se deixar claro é que não se pode executar tudo que se pensa, mas não há mal nenhum em deixar fluir os pensamentos, até como uma forma de sair do mundo real, muitas vezes duro, aborrecido e moralista demais. Já temos que agir de acordo com todos os padrões impostos pela sociedade, concordando ou não. Se tivermos que pensar de acordo com imposições também, talvez devêssemos excluir a palavra liberdade do dicionário. As pessoas já lutam pela liberdade de expressão, eu estou lutando pela liberdade de pensamento.
O filósofo já dizia: Penso, logo existo.
E se eu existo, logo penso mais ainda.

2 comentários:

Anônimo disse...

Penso, logo existo, que vc tem razão...

Como se não bastasse regra pra ler, regra pra escrever, regra pra comer, regra pra amar, regra pra transar, regra no futebol, tregra até pro tamanho do colarinho na bera... acho que a única coisa completamente desregrada e sem direito a punição auto-consciente deveria ser o pensamento...

Penso em objetivos surreais... o caminho até eles pode ser mais real...


=****

Anônimo disse...

ESTE MATOU A PAU!
Eu sou suspeita, pq além da minha imaginação ser foda (tbém), ela vááárias vezes não se contenta em ficar quietinha só na cabeça. KKKKK!!!!!!
Mas viva a liberdade de pensamento! U-hú!